Revista da ESPM - STE-OUT_2011
s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 45 S o f i a E s t e v e s ‘ Diga-se ainda que, quando se critica a falta de “ensino” por parte de pesquisadores, voltamos ao modelo antigo. Amudança que vislumbro é conjugar numa dinâmica só pesquisa docente e formação discente, ou seja, o estudante precisa aprender a produzir conhecimento próprio e, nesse mesmo processo, formar-se melhor ( educar pela pesquisa ). Creio que universidade necessita ser de “pesquisa” – de mera trans- missão é instituição caduca e completamente desnecessária – mas, ao mesmo tempo, de formação discente primorosa. Essa discus- são está em andamento nos Estados Unidos (ARUM, Richard; ROKSA, Josipa. Academically Adrift: limited learning on college campuses. Chicago), constatando-se que os estudantes es- tudam pouco, cada vez menos, não produzem conhecimento próprio, está se avolumando a exigência de mudar radicalmente o que é aprender na universidade. MANOLITA − Lendo os relatórios coorde nados por Edgar Faure (Apprendre à être - 1972) e Jacques Delors (Learning: the treasure within - 1998), os livros de Bernard Charlot ( Du rapport au savoir, éléments pour une théorie − 1997) e Ed- gar Morin ( Les sept savoirs nécessaires à l’éducation du futur − 1999), até mesmo do conteúdo do documento que fundamenta a reestruturação dos cursos de graduação na França ( Pour la réussite de tous les éléves - 2004), percebe-se convergência em relação à ideia de que o estudante deva ser reconhecido como o sujeito da apren- dizagem. Ideia cuja inspiração remonta às primeiras décadas dos anos 1900, com a publicação, em1920, dos livros de Adolphe Ferrière ( Transformons l’école ) e Edouard Claparède ( L’école sur mesure ). Levando em conta que tais discussões jamais che- garam perto do ambiente universitário, nas condições atuais, qual seria a chance de professores e estudantes universitários assumiremas responsabilidades implica- das nessa visão de educação? PEDRO − Muito bem lembrada essa tradição , com autores de enorme porte. Ocorre que esta visão é bem mais antiga, no fundo, socrática e latina (por exemplo, “ educare” significa etimo- logicamente retirar de dentro ). A discussão hoje ganhou um reforço demuito peso comas novas tecnologias. Por exemplo, Prensky, em seu livro de 2010 sobre pedagogia da parceria, sugere tro- car o nome de aluno para pesquisador , alegando que aula já é procedimento totalmente obsoleto. Embora simples troca de nome não precise dizer nada, existe certamente a preocupação crescente de colocar o estudante no centro e o professor como “ coach ”. Este não perde nada, apenas assume sua posição própria, reconhe- cida também desde sempre, em especial com a “ zona do desenvolvimento proximal ” de Vigotski. No campo das novas tecnologias fala-se muito de autoria , um signo formidável da assim dita “web 2.0”. Apesar dos modismos afoitos supe- rabundantes (veja crítica de Carr, 2010, sobre “ The Shallows ”), existe esta potencialidade inegável, emparte verificável naWikipedia, um lugar onde autoria é o passaporte, com base na autoridade do argumento, não do argumento de autoridade. Em que pese o volume de críti- cas, em grande parte adequado, trata-se de um convite relevante à produção própria de textos, em ambiente coletivo e gratuito. } O alinhamento tacanho da produção científica ao formato nor te-americano signif ica subserviência tola, como se { conhecimento | fosse padrão único. ~ Demo Pedro
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