Revista da ESPM - STE-OUT_2011
s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 51 grande fragmentação e segmentação inter- na ao campo. Vivemos uma época na qual modelos de identidade bem definidos estão falidos. Ninguém sabe dizer com precisão hoje o que seja ser homem, mulher, adulto, adolescente etc. Essa é uma condição rica, na medida em que há mais lugares para a diversidade de disposições singulares, mas que pode deixar desorientado quem procure respostas simples para a construção de ações de comunicação. As categorias “Geração X”, “Y” ou “Z” são amplamente insatisfatórias em suas pretensões de generalização. Há outro elemento importante a ser con- siderado. Somos fortemente impregnados pelo imaginário do jovem dos anos 60 do século 20. A imagem do jovem é aquela do transgressor, revolucionário, livre. Com a crença de que sua passeata ou banda de Rock poderiam transformar o mundo. Mesmo o uso de drogas era emoldurado pela ideia de “abrir as portas da percepção” e vislumbrar um futuro anárquico, pacífico, utópico. Recentemente, em entrevista concedida à Bandnews, fui questionado sobre uma pes- quisa segundo a qual pouco mais da metade dos brasileiros é contra o casamento entre homossexuais. A entrevistadora estava des- concertada, imaginando que os brasileiros jovens seriam mais tolerantes, abertos com relação à vida sexual própria e alheia etc. É com algum desconforto que nos confron- tamos com o fato de que a maior parte das pessoas jovens são predominantemente conservadoras e preocupadas com a estabili- dade da família e do trabalho. Mas é preciso também observar que a pesquisa apontava que aquela maioria contrária ao casamento entre homossexuais consistia em 55%: algo muito distante de permitir uma generaliza- ção sobre a totalidade da população. Um retrato instantâneo do jovem contemporâneo Se até aqui chamei a atenção ao que não fazer na tentativa de compreender os jovens de hoje, podemos passar agora a uma parte mais propositiva. O que vale para toda produção de conhecimento vale para nós: é pre- ciso observar, ouvir, tentar compre- ender internamente os movimentos do nosso campo de estudo. Ou seja, pesquisar e ser capaz de analisar os resultados obtidos. Nesse sentido, evoco uma pesquisa feita na ESPM em 2010, coordenada pela Profa. Lívia Barbosa no CAEPM (Centro de Altos Estudos em Propaganda e Marketing): “ Juventude, consumo e cidadania ”. O estudo visou mapear o consumo político e envolveu jovens de 16 a 25 anos, das classes A, B e C, em São Paulo e Rio de Janeiro. Os resultados da pesquisa são coerentes com diversas pesquisas afins reali- zadas nos últimos 10 anos no Brasil. Dentre os resultados, podemos reunir algumas tendências. Os jovens pes- quisados consideram-se predominan- temente bem informados, tendo como principal fonte de informação a TV aberta e a internet. As áreas em que se consideram mais bem informados que amédia das pessoas são o esporte e amúsica. O recurso amplo à internet está centrado nas redes sociais, ins- trumentos de troca de mensagens e no Youtube. Metade dos entrevistados diz procurar por notícias. Os jovens pesquisados consideram-se bem in- formados. Sua principal fonte de informação são a TV aberta e a internet. Acreditam ser mais bem informados que a média em esportes e música. E metade dos jovens entrevistados diz procu- rar por notícias. Nainternetestácentrado em redes sociais, ins- trumentos de troca de mensagens e vídeos.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx