Revista da ESPM - STE-OUT_2011
R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 52 Há uma defasagem notável no que diz res- peito a como representam seu engajamento a questões sociais. O envolvimento com a política é pequeno e se concentra no ato de votar. O engajamento social tem hoje a marca da preocupação ambiental. A maior parte dos jovens diz se importar e informar a respeito, mas reconhecem não ter uma ação coerente com essa preocupação. Como consumidores, consideram que todos deveriam se informar sobre os produtos e empresas, mas, quando leem o rótulo de produtos, a informação de fato mais procurada é a data de validade. Observamos uma transformação importante no imaginário sobre o Brasil: já não prevalece aquela ideia antiga segundo a qual o Brasil teria recursos inesgotáveis a serem extraídos sem preocupação. Dentre as instituições que menos confiam, estão justamente as políticas. Governo federal, partidos, senado, todos merecem pouca confiança. Há também pouca con- fiança nas pessoas em geral, identificadas como movidas por interesses. Aqui, vale observar que os entrevistados referem-se à população como se não pertencessem a ela: a representação que fazem de si é muito distinta daquela que fazem dos demais. É como se não se sentissem de fato incluídos e se considerassem fora do coletivo. A instituição que tem o maior grau de con- fiabilidade é a família, seguida de longe pela universidade e a Igreja. Como se vê, as instituições de ensino guardam um valor simbólico importantíssimo. Vemos que a confiança se encontra num círculo próximo da experiência individual e imediata − a família, a faculdade −, mas falta um sentido de amparo social e governamental. Esse sentido de desamparo é ampliado pela percepção dominante de que caberia ao governo a ação social. Poucos acham que a ação dos cidadãos ou a mobilização dos consumidores poderiam produzir diferenças sociais importantes. E é também esta sensa- ção de desamparo social que nos faz recuar a preocupações mais individuais. Nosso nar- cisismo não é vaidoso, ele é um fechamento defensivo ante um mundo perigoso e difícil de compreender. Uma pesquisa como essa é um importante corte instantâneo em como se coloca o jovem, para além de nossas idealizações ou impres- sões pessoais. Naturalmente, é preciso repetir o procedimento continuadamente. Grau de confiabilidade GOVERNO FEDERAL IGREJA FAMÍLIA UNIVERSIDADE
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