Revista da ESPM - STE-OUT_2011
R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 58 o os dias de hoje, uma criança de três anos já sabe pesquisar na internet; daqui a quatorze anos essa mesma criança poderá estar iniciando um curso su perior. Essas condições atuais irão impactar sobremaneira o perfil de estudante do ensino superior que teremos. Como em tudo na vida, há prós e contras. Se por um lado tivermos um jovem com muita habilidade em “buscar” informações, por outro, isso não significará que teremos inte lectuais de “alta qualidade”. Podemos correr o risco de ter uma pessoa muito habilidosa em reunir fragmentos de informações e não necessariamente alguém que produza co nhecimento de forma autônoma e profunda. Desde a Antiguidade, até hoje, não há melhor meio para se formar um intelectual senão pela leitura profunda dos clássicos; para isso, porém, a organização do tempo e do espaço deve ser outra. O hábito de leitura e de escrita deve ser incentivado de tal forma, que possamos ter no futuro um estudante mais “ilustrado”, mais “compenetrado” e “mais criativo”. As descobertas científicas do século XX só foram possíveis porque se criaram condições para o surgimento de pensadores no século XVI! A emergência de descobertas significativas nas ciências apenas aconteceu porque antes as raí zes já estavam sendo germinadas. A pergunta que fica é: o que estamos fazendo com os jovens hoje, a fim de dar-lhes condições para se tornarem “seres integrais” e não “fragmentados” e “sem conhecimento”? Por mais paradoxal que possa ser, a resposta está no passado. Para planejarmos o futuro, é necessário apoiarmo-nos nos “clássicos”; as raízes não podem ser tolhidas, esquecidas, mas revitalizadas. Não se constrói futuro sem apoio do passado, assim como não se erguemprédios semalicerces. Não é outro o pensamento deMorin (2004:77): “Todo ser humano, toda coletividade deve irrigar sua vida pela circulação incessante entre o passado, no qual afirma a identidade ao restabelecer o elo comos ascendentes, o presente, quando afirma suas necessidades, e o futuro, no qual projeta aspirações e esforços”. Se realizássemos duas pesquisas, uma sobre a organização do cotidiano de grandes intelec tuais da humanidade e outra sobre a maneira como os jovens de hoje distribuemseu “tempo”, por certo chegaríamos a dois resultados bem distintos: para a primeira pesquisa, o de que tais intelectuais tinham : tempo, livros e muita leitura; para a segunda, teríamos como resposta simplesmente a palavra escassez : escassez de tempo, escassez de livros e escassez de leitura. As respostas seriam encontradas em qualquer segmento da sociedade, não importando o nível intelectual, social, as categorias de idade, profissão etc. Não é possível colher algo no futuro, caso não cuidemos do presente. Se desejarmos sair de um país emergente para um país realmente desenvolvido, precisamos habilitar profissionais muito mais sofisticados. Para tanto, cremos ser necessárias três condições: N pedagógicas projetos pedagógicos inovadores humanas corpo docente saudável, integrado e não fragmentado espaço físico espaço mais sedutor que o quarto dos jovens 1 2 3 Zaptik
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