Revista da ESPM - STE-OUT_2011
aproxima-se do conceito de “sociedade edu- cativa”, em que há explícita insubordinação às ideias de tempo e espaço educacional na medida em que se aprende todo o tempo, em todo e qualquer lugar. A Comissão se anteci- pa às distorções encontradas na aplicação do conceito e esclarece que não se trata apenas de promover ações voltadas para programa de atualização, reciclagem, conversão e promo- ção profissionais de adultos, mas de explorar qualquer possibilidade de educação orientada pelos mais diversos objetivos, “quer se trate de oferecer uma segunda ou terceira oportunida- de, de dar resposta à sede de conhecimento, de beleza ou de superação de si mesmo, ou ainda, ao desejo de aperfeiçoar e ampliar as formações estritamente ligadas às exigências da vida profissional, incluindo as formações práticas” (DELORS et al . 2000, p. 117). Nessa direção, a Comissão situa a educação ao longo da vida a partir de quatro dimen- sões que transitam de aspectos existenciais ( apprendre à être ); sociais ( apprendre à vivre ensemble ); pedagógicos ( apprendre à appren- dre ); e práticos ( apprendre a faire ). Ao propor uma visão integrada de educação, denuncia as limitações de sistemas educativos formais que se restringem a explorar o conhecimento, em detrimento de outras formas de aprendizagem (p. 102). Em mais essa oportunidade, autor e coautores desconsideram que quando o mo- vimento da Escola Nova vai perdendo espaço (1930-1945), se assiste a certo desencantamen- to pelas instituições educacionais. Com isso, as atenções se voltam para as potencialidades educativas abertas pelos meios de comunica- ção de massa, para a crescente valorização da educação informal e a defesa da educação permanente (SAVIANI, 1983, p. 28). Observa-se que com o tempo a operacionali- zação da educação permanente tem-se feito, fundamentalmente, no quadro das políticas do emprego e da requalificação profissional, na trilha da busca pela empregabilidade. O termo empregabilidade traduz os esforços edu- cativos ao longo da vida como uma obrigação de cada trabalhador para que se mantenha apto a desempenhar novas tarefas profissio- nais (OLIVEIRA, 2003, p. 34). De acordo com Nóvoa (2009, p. 11), inicialmente, a educação permanente foi reivindicada por gerações de trabalhadores como direito; em seguida, transformou-se numa necessidade ditada pelas transformações ocorridas no universo do trabalho. Recentemente, impõe-se como uma obrigação para aqueles que desejam competir ou manter o emprego (Nóvoa, 2009, p.11). Visivelmente, o conceito assume uma dimensão ideológica ao desconsiderar os fatores políticos, sociais e econômicos determinantes do aumento ou redução do desemprego (OLIVEIRA, 2003, p. 30). } O tempo, como o mundo, tem dois hemisférios: um superior e visível, que é o passado, outro in- ferior e invisível, que é o futuro. No meio de um e outro hemisfério ficam os horizontes do tempo, que são estes instantes do presente que imos vivendo, onde o passado se termina e o futuro começa. ~ (P adre A n tôn i o V i e i r a ) R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 70
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