Revista da ESPM - STE-OUT_2011

Compreensivelmente, o projeto de educação que se estende ao longo da vida repercute so- bre os professores. Apesar de essa questão ter sido perifericamente abordada pelas duas Co- missões, na apresentação da edição brasileira, o professor Paulo Renato Souza (2000, p. 9-10) destaca que o relatório Delors “dá especial ênfase ao papel dos professores”. Faure ( et al . 1977, p. 319) limita-se a recomendar expres- sivas alterações na formação dos docentes, uma vez que, mais do que “especialistas da transmissão de conhecimentos programados” (sic), a educação dependerá de educadores. Delors et al . (2000), por sua vez, faz rápidas alusões à questão ao reafirmar a centralidade do professor no contexto da educação ao longo da vida, reconhecendo o seu protagonismo no reforço da compreensão mútua entre os povos (p. 166). Para tanto, recomenda que os docentes continuem estudando e investindo em mobilidade interinstitucional, uma vez que a experiência acrescenta qualidade à educação e promove maior abertura a outras culturas, civilizações e experiências (p. 167). A recomendação de que o professor continue estudando parece redundante quando o docu- mento reitera a recomendação de educação ao longo da vida para todos, independentemente de tempo (idade), local e ocupação profissio- nal. Essa visão contrasta com o pensamento de Pedro Demo (2005, p.103), quando o autor assegura que “a educação do futuro depende de educadores que tenham futuro”. Concordando-se com essa tese, a educação do futuro está ameaçada porque apesar de “o educador estar na origem do êxito profissional de todos, não se lhe garante êxito profissional” (DEMO, 2005, p. 102). Seja pela ausência de uma política de formação de professor para a docência superior, seja pela ausência de um plano de carreira no interior da maioria das instituições de educação superior brasileiras. No contexto de um mundo globalizado, a re- dução das assimetrias passa pelo diálogo, pela compreensão e discernimento do mundo, do outro e de si mesmo, favorecido pela educação (p. 50) – recomendação que reforça a dimen- são “aprender a viver juntos” ( apprendre à vivre ensemble ). Por isso, as opções educativas são opções de sociedade, pressupõem amplo debate público baseado na avaliação rigorosa dos sistemas educativos (p. 193). Contudo, o que se tem visto é o aprofundamento das assimetrias entre os hemisférios Norte e Sul, como bem retrata o trabalho realizado pela Associação Internacional de Universidades (SEDDOH, 2003, p. 151-194), publicado no Brasil com a chancela da UNESCO e da Secre- taria da Educação Superior (SESu) no Brasil. A educação deve estar aberta a todos para responder aos múltiplos aspectos da educação permanente, sem desconsiderar que os siste- mas educativos precisam oferecer respostas aos desafios da Sociedade da Informação (p. 68). Para estar aberta a todos e responder aos múltiplos aspectos da educação permanente, ela deve ser diversificada e inclusiva. Nesse sentido, adverte-se que a diversificação e aper- feiçoamento da EAD (educação a distância) não devem ser negligenciados. Cabe esclarecer que a exploração de recursos tecnológicos pela edu- A educação a distância tem sido apon- tada como solução para as carências educacionais, pretendendo atenuar a disparidade da educação em várias partes do mundo. A perspectiva do projeto de ensino a distância pretende incluir a população de baixa renda, amenizando as restrições socioeco- nômicas impostas pelo ensino pago. s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 71

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