Revista da ESPM - STE-OUT_2011
cação e o investimento emeducação a distância não representamnovidades. Estão emevolução desde os anos quarentas. Ao repensar a cooperação internacional (p. 208), assegura-se ser possível combinar as vantagens da integração e o respeito pelos direitos individuais, na direção de uma cida- dania consciente e ativa (p. 67). E isso requer esforços redobrados em ações baseadas na cooperação no plano internacional (p. 149). Contudo, o tempo tem revelado que a edu- cação em geral e a educação internacional, em particular, têm se distanciado dessa visão altruísta. De acordo com a Associação Inter- nacional de Universidades: ... A DISCUSSÃO ATUAL DA INTERNACIONALIZA- ÇÃO SE TORNOU MUITO MAIS COMPLEXA, DEVIDO ÀMULTIPLICAÇÃODAS FORMAS E JUSTIFICATIVAS DO INTERCÂMBIO INTERNACIONAL. A NATUREZA MAIS COMPETITIVA DA INTERNACIONALIZAÇÃO ACRESCENTOU TAMBÉM UMA NOVA URGÊNCIA E A PERCEPÇÃO DEMAIORES BENEFÍCIOS E PERDAS POTENCIAIS EM FUNÇÃO DA ESCOLHA DE ESTRA- TÉGIAS APROPRIADAS. CONTUDO, ESSA URGÊN- CIA APARECE BEM MENOS MOTIVADA POR UM SENTIDO DE SOLIDARIEDADE E PELA INTENÇÃO DE REDUZIR OS HIATOS DE DESENVOLVIMENTO EXISTENTES ENTRE O NORTE E O SUL QUE, EM 1998, ERAMUMAMOTIVAÇÃO EXPLÍCITA (SEDDOH, 2003, P. 159). Para a Comissão, a universidade deve ganhar centralidade e formar os estudantes para a pes- quisa e para o ensino. Questiona-se por que essa responsabilidade recairiaapenasparaasuniversi- dades, quando se deseja promover uma educação pautada no “aprender a aprender” ( apprendre à apprendre ). Afinal, o exercício da pesquisa pode assumir uma dimensão pedagógica singular. A associação entre ensino e pesquisa é discutida com particular propriedade em diversos textos do professor Pedro Demo e representa o pilar que sustenta a reforma da universidade alemã conduzida por Wilhelm von Humboldt. Apesar de uma das dimensões trabalhadas enfatizar ‘“o aprender a ser” ( apprendre à être ), e o texto recomendar o investimento em reflexões sobre uma concepção de desenvol- vimento que respeite a natureza e o ritmo das pessoas, parece curioso que se recomende igualmente a formação altamente especia- lizada (p. 149), afinal, a compreensão dos problemas requer cada vez mais uma visão transversal (MORIN, 2001, p. 19). E se for considerado que outra dimensão prestigiada se refere ao “aprender a fazer” ( apprendre a faire ), o olhar de especialistas pode repre- sentar um freio importante à exigência de os jovens se reinventarem diversas vezes ao longo de sua trajetória profissional. Até que ponto a formação “altamente especializada” seria uma recomendação sintonizada com o futuro? Considerações finais Apesar de os conteúdos das recomendações propostas pelas duas Comissões terem sido objeto de grande mobilização mundial – com a publicação dos respectivos relatórios em diversas línguas e a discussão das recomen- dações em inúmeros fóruns –, elas não apon- tam para o futuro da educação, não devem ser entendidas como inovação, tampouco vanguarda, afinal as suas âncoras foram aca- demicamente concebidas nos primeiros anos da década de 1900. Em 1920, por exemplo, Adolphe Ferrière publica um texto intitulado Transformemos a escola . O conteúdo desse livro é considerado seminal por reunir os fundamentos que deram lastro ao movimento em direção à Escola Nova, conhecidamente orientada pelas pedagogias de tendência psi- cológica que enfatizam a educação centrada na personalidade e na vida do estudante, na ação e na liberdade dos atores sociais impli- cados na educação. Quatro dos fundamentos formulados pelo autor são recuperados por Faure et al . (1977) e Delors et al . (2000): DEFESA DA EDUCAÇÃO INTEGRAL RESPEITO À AUTONOMIA DOS ESTUDANTES VALORIZAÇÃO DE MÉTODOS ATIVOS DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA
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