Revista da ESPM - STE-OUT_2011
s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a E S P M 85 } Nossa mi ssão é formar essa e l i te para um mundo compl e- xo e um Bras i l cont rad i tór i o. ~ sempre uma linha tradicional do Ocidente, que procura destacar-se do conhec imento de senso comum. O filósofo francês Gaston Bachelard deixou isso muito claro: “A ciência trabalha contra o senso comum. Se as pessoas costumam pensar assim, a ciência tem outra versão mais sofisticada”. Hoje, o senso comum é algo que sacode completamente a nossa epistemo- logia em cima da qual montamos nossas disciplinas. O nível do conhecimento e da informação melhora em todas as áreas por causa dos veículos de comunicação e, sobretudo, do jornalismo cien- tífico e especializado em todas as áreas. Isso faz com que boa parte das pessoas domine o vocabulário e a interpretação dos problemas que antes eram reservados a es- pecialistas de determinada área. Digo “senso comum” no sentido de Boaventura de Souza Santos, que é a média dos conhecimentos sobre os quais as pessoas tomam suas decisões. Essa média de informação e de opção está crescendo rapida- mente. Mas qual o ponto que isso trará para as escolas? Ocorre que estamos repetindo o senso comum porque, no caso da administração, por exemplo, temos muitas revistas para executivos e poucos livros de consultores são usados como litera- tura dentro do curso de graduação. Vejo que o senso comum sobe junto com a informação, enquanto ques- tões realmente específicas e pro- fundas ficam de fora e confundem professores e pesquisadores. Outra questão de natureza didática é que antes tínhamos o contato face a face na grande instituição chamada sala de aula, que fornecia informação e uma série de outras competências. Hoje, a informação dispensa o face a face e oferece uma interface com a máquina por meio da internet. O problema é que, no contato via máquina, quem está do outro lado pode dissimular-se, esconder-se, disfarçar-se – o que não é possível na sala de aula. No diálogo face a face, ou você sabe ou não; não há como copiar qualquer coisa da internet, fazer uma montagem e dizer: “Está aqui, professor”. A sala de aula é um divisor de águas para a educação do futuro. MÁRIO RENÉ – Pela primeira vez na vida, o professor tem um concor- rente direto. Antes, ele indicava os livros aos alunos, que iam estudar na biblioteca. Agora, décimos de segundos depois de indicar a obra, já há um concorrente on-line. O papel do professor como fonte de informação foi para o ralo porque as fontes de informações estão dis- poníveis para quem quiser. Talvez, a grande missão do professor será indicar o que os alunos podem fazer com essas informações. O outro lado será como a escola poderá paramentar esse professor e esses alunos para interpretar e transformar essas informações em conhecimento e sabedoria.
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