Revista da ESPM - STE-OUT_2011

R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 86 } Precisa ter um verdadeiro com- promisso nacional e vontade po- lítica de mudar as coisas. ~ LINCOLN – O que uma geração precisa passar para outra, e que não está na informação objetiva, armazenada, é um senso de escolha preferencial que passa pelo senso crítico – no sentido de critério. Isso é preciso ter na sala de aula: o contato com as crianças, o face a face. LITTO – Hoje, a grande dificuldade do professor não é causada pelas novas tecnologias, mas pelo au- mento da complexidade da nossa sociedade. Por exemplo: temos 100 mil títulos de revistas científicas no mundo – 5 mil em física, 10 mil em biologia, 10 mil em química, talvez, 5 mil na área de Humanas... Nin- guém que estude sistematicamente consegue tempo para acompanhar a literatura da sua própria área. Temos ainda 500 canais de tele- visão à nossa disposição. Como escolher os meios e como isso afeta a sala de aula? Aquela literatura histórica consagrada, que precisava ser aprendida, já não existe mais. Numa sociedade pluralista você tem visões diferentes. Antigamente, o professor assumia o importante papel de ajudar o aluno de qualquer nível – segundo, terceiro grau – a interpretar textos, ler nas entre- linhas o que o texto dizia. Agora, existe tanta informação para expor aos alunos, que não há tempo de ensinar como interpretar, julgar e decidir. Como consequência, cada vez mais a instituição de ensino terá de elaborar disciplinas que não existiam no passado, como disciplinas que ensinem a pensar claramente e a não comprar gato por lebre ou ainda se comunicar bem na forma escrita ou oral. Com as novas tecnologias de comuni- cação, o aluno quer ir direto para o conhecimento disponível gra- tuitamente na internet. No futuro, as instituições deixarão de cobrar o conteúdo do aluno, porque ele irá encontrar toda essa literatura disponível na web. Instituições que cobram pelo conteúdo vão ganhar dinheiro orientando o aluno na ordem de leitura das obras e arti- gos, em certificação. E aqui entra o problema do conservadorismo brasileiro, do nosso atraso em aceitar novas ideias. Por exemplo: continuamos trabalhando com o semestre, que é uma invenção da sociedade agrícola, quando as } Somos confrontados com valores que já estão arraigados na maneira de ser, de se comportar dos alunos e não temos muitas opor tunidades de mudar esses valores. ~