Revista da ESPM - STE-OUT_2011

R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 88 } A Escola do Futuro deve estar com- promet i da com a verdade, a l i berda- de, a so l i dar i edade e a v i da , porque se não for ass im, não há futuro. ~ ainda não encontrei algo que me fascinasse tanto quanto essa visão, que é de educação e não de ins- trução. Instrução quer dizer trazer para dentro de alguém algo que ele não dispunha, enquanto educação segue a direção contrária ao extrair de dentro algo que você vai ajudar a projetar. Diante desse aprendizado, resolvi pensar na Escola do Futuro não do ponto de vista do amanhã, mas daqui a 20 anos. É impossível prever o que será utilizado daqui a 20, 50 ou 100 anos. Ainda assim, no futuro, o ser humano vai precisar de algo para despertar seu potencial de ser. E suspeito que a Escola do Futuro siga a mesma linha daquela adotada pelo homem que vi em pé na Índia, cultivando uma semente e as condições ideais para o desenvol- vimento daqueles seres humanos. MÁRIO RENÉ – Em relação ao exem- plo da Índia, vejo uma clara dicoto- mia entre tecnologia e simplicidade quando alguns professores dizem para a sala: “Vamos ter aula no Par- que do Ibirapuera”. Eles vibram por saber que irão fazer algo diferente do modelo tradicional. Mas como se faz isso numa escola na qual é preciso seguir uma série de burocracias? Em que tudo ocorre em horários esti- pulados? Todo o sistema de ensino tem regras que nos amarram. Vejo o mercado e a mídia insinuando coisas importantes como empregabilidade. É preciso ser objetivo e estudar te- mas que serão usados na organiza- ção. Os alunos querem saber onde vão aplicar determinados assuntos. Você tem o aluno recebendo essa informação da mídia. E qual é o papel da escola? O quanto a escola deve estar sintonizada com o mer- cado? A tecnologia é maravilhosa, mas o aluno não sairá com mais conhecimento; sairá fascinado com o aparato da escola. GRACIOSO – É aquele velho pro- blema: quem veio antes: o ovo ou a galinha? A sociedade é contra esses métodos humanistas de edu- cação. É inútil negar isso. Tenho um amigo cujos filhos cursaram a Escola Waldorf, que segue a filoso- fia alemã de educação humanista e desenvolv imento da intuição e da criatividade. Mas os alunos que saem da Waldorf encontram dificuldades para adaptarem-se ao mundo real e não é só em relação à estrutura burocrática do MEC, que obriga a memorização para passar em vestibular. Por exemplo: eles não sabem se comunicar ou participar daqueles grupos de discussão que os candidatos a trainee de grandes empresas são obrigados a realizar. Eles vão mal porque não entendem o que está acontecendo. Aquilo não é o mundo que foi desenhado para eles. Estamos realmente diante de um problema. Poderíamos esquecer a escola fundamental do nível mé- dio e tentar aplicar esses métodos a partir do ensino superior. Mas, no íntimo, todos sabemos que tal- vez seja tarde demais porque já se

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