Revista da ESPM - STE-OUT_2011
R e v i s t a d a E S P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 92 } O cérebro humano, quase sempre, toma a de- ci são na i nstânci a emoci ona l antes de envo l ver as i nstânci as raci ona i s no processo. Se você consegue t re i nar a sua i ntu ição, a sua tomada de deci são será ma i s acer tada . ~ cesso. Se você consegue treinar a sua intuição, a sua tomada de decisão será mais acertada. Então, faz todo o sentido para Harvard incorporar, deliberadamente, um esquema de aprendizado onde se treina o uso da intuição, o uso dessa instância e do cérebro que precede a instância racional. Outro ponto que gostaria de destacar é o papel dos exames nacionais como forma de pensar no ensino como um todo. Sei que é um debate grande e polêmico, mas exames nacionais bem estruturados e bem aplicados podem contribuir bastante para a elevação da média como um todo. É claro que uma das críticas possíveis para esse exame nacional é a de que ele testa aquilo que o mainstream da educação já implantou. Então, estamos simples- mente testando e reforçando crenças que talvez tenhamos de superar, mas ainda assim creio que há um papel importante a ser cumprido socialmente na elevação do nível como um todo, por exames nacionais bem aplicados. MÁRIO RENÉ – Há uma pesquisa americana que avaliou as milhares de previsões de economistas nos últimos 30 anos e concluiu que a relevância dessas previsões é exatamente igual à de um macaco jogando uma moeda para o alto, porque baseiam-se no princípio da certeza. Usam as centenas de tabe- las dos cases de Harvard, quando, provavelmente, o treino dessa coisa chamada intuição poderia ser muito mais produtivo. Mas quais são os professores que têm a capacidade de treinar a intuição? Essa seria uma matéria completamente diferente dos currículos tradicionais. Não me lembro de nenhuma escola – medi- cina, administração ou propaganda e marketing – que prometa a seu fi- lho sair mais amadurecido do curso. LITTO – Este é um assunto que afeta a educação mundial e que ainda não foi resolvido. Presumivelmente, toda educação baseia-se na meta de preparar os indivíduos para o futuro, seja o ensino fundamental, o superior ou até mesmo a pós-gra- duação. O único problema é que ensinamos apenas coisas do pas- sado – história, geografia, ciências políticas... Não ensinamos reflexão ou técnicas sistemáticas de estudar, o que poderia acontecer em diferen- tes cenários no “País do Futuro”. O Brasil é um país que sempre olhou mais para o passado. Mas é possível criar cenários positivos, negativos, prováveis, improváveis e escolher o que mais lhe serve para trabalhar sistematicamente naquela mesma direção. Podemos fazer isso com os jovens. Na Austrália, por exemplo, alunos do primeiro e segundo graus estudam o futuro. Eles escrevem sobre como será a sustentabilidade e a poluição no meio ambiente, criam diversos cenários e depois discutem entre eles as melhores alternativas possíveis de se atingir nos próximos 50 anos. No Brasil, tentei criar um centro dentro da USP para estudar o futuro no âm- bito da aprendizagem, que começa com menos de um ano de idade e vai até perto do fim da vida. Até hoje o laboratório continua fazen- do pesquisas. Tentei também na Universidade de Brasília, que, na gestão do reitor Lauro Morhy, criou um Laboratório para Estudos do Futuro, que acabou com a mudança de reitoria. Uma instituição mais avançada, como a ESPM, poderia pensar na possibilidade de criar um núcleo de pesquisas, com aulas também para os alunos, de como prever possibilidades, probabili- dades, cenários favoráveis ou não favoráveis. Esses levantamentos poderiam servir para que órgãos do governo, empresas e ONGs contra- tassem os alunos daqui.
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx