Revista da ESPM - SET-OUT_2007
116 R E V I S T A D A E S P M – SETEMBRO / OUTUBRO DE 2007 pectiva interna como externa. No caso do Brasil, internamente, muito deve ser decidido e executado pelo governo e o setor privado tem de ser o fator indutor queconsegue,pormeiodamobilização, levar o governo a considerar mudanças e reformas necessárias. Externamente, o Brasil deveria estar buscando integrar-se de forma mais efetiva com a economia mundial. Acordos de comércio e de investimentos constituem apenas um instrumentonessecontexto–porém,um instrumento de muita importância. Acordosdecomércioedeinvestimentos não deveriam ser encarados como uma panacéiaparaasoluçãodasdeficiências competitivasdaeconomiabrasileira.No entanto, as estratégias neste campo têm sidodominadasporprioridadespolíticas – ou melhor, geopolíticas. A ALCA, o item anti-globalização favorito do Presi- dente Lula em sua fase pré-eleitoral, por exemplo, foi enterrada, apesar de os EstadosUnidoseaAméricaLatinaserem os destinos de nossas exportações de maior valor agregado – ou seja, a região para onde o Brasil vende a maior parte deprodutosintensivosemempregoeem tecnologia. Um acordo de associação entre o Mercosul e a União Européia, o maior parceiro comercial e de inves- timentos do Brasil e do Mercosul, tam- bém está se distanciando de iniciativas similares em outras partes do mundo. A culpa não é toda do Brasil nestes casos, masopaísdefinitivamentetemestadodo ladodaquelesquepreferemevitarolivre comércio, sempre que possível. O Brasil, efetivamente, não concluiu qualquer acordo de livre comércio (ALC) desde oMercosul propriamente dito com o Tratado de Assunção em 1991. O país tem concluído acordos de preferências comerciais (APC) que no grosso se limitam em termos de itens negociados e a dimensão dos cortes tarifários. Além disso, acordos concluídos pelo Brasil nunca incluem algomais do que o comércio de bens. Em outras palavras, o dinâmico setor de serviços, responsável na grande maioria dos países, dentre eles oBrasil, pela maior parte do crescimento econômico, tem estado ausente dos pactos internacionais negociados pelo país apesar da clara competitividade dos bancos, das empresas de tele- comunicações, das construtoras, dos conglomerados demídia, dos serviços profissionais e de outros segmentos da economia terciária brasileira. A inclusão de serviços em acordos de comércio e de investimentos poderia contribuir para uma maior previsibili- dade regulatória, para um clima mais auspicioso para o IDE e, certamente, para o incremento das exportações de serviços do país. OBrasil sempre tem sido um parceiro exigente nas negociações internacio- nais. Nos últimos anos, o comércio Sul-Sul tem integrado a pauta de ne- gociações, por vezes como se pudesse substituir o comércio com nossos principais parceiros comerciais: a União Européia e os Estados Unidos. No entanto, acordos com países do Sul não podem substituir o comércio com os principais parceiros mundiais por uma simples razão: eles sequer são acordos sobre o livre comércio. Acordos como o IBAS – a IniciativaTri- lateral Índia, Brasil e África do Sul – ou a Comunidade de Nações Sul-Ameri- canas (CASA), não passam de pactos primordialmente políticos que visam buscar apoio para iniciativas igual- mente políticas – e não comerciais, - tais como a inclusão do Brasil como membro permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Finalmente, a China, como em todo o mundo, constitui um capítulo à parte. No Brasil, no entanto, a “questão” chi- nesa temsidoamplamente influenciada por umapredisposiçãonatural por parte COMÉRCIO EXTERIOR Estados Unidos Reino Unido Japão Alemanha Itália França Canadá África do Sul Rússia México Índia China Brasil Requisitos e procedimentos para exportar e importar G8 Tempo para importar (dias) Tempo para exportar (dias) 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 BRICSAM’S O paradigma da competitividade Brasileira
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