Revista da ESPM - SET-OUT_2007

12 R E V I S T A D A E S P M – SETEMBRO / OUTUBRO DE 2007 Entrevista ciar, agora de forma mais expandida, de ambiente favorável. FG – Poderia citar alguns casos pitorescos (causados por valores culturais diferentes) ocorridos no relacionamento com clientes e au- toridades locais? ORLANDO – A interação com au- toridades aeronáuticas locais, com parceiros de trabalho, empregados, fornecedores e com a sociedade em geral, normalmente se dá de forma muito planejada e seguindo, em alguns casos, rituais bastante diferentes daqueles a que estamos acostumados no mundo ocidental. Gestos, posturas, mostras de apreço e respeito, e atitudes durante re- uniões e processos de negociação de contratos podem vir a ser determi- nantes para o sucesso ou fracasso de um empreendimento. São vários os exemplos de como são diferentes as relações pessoais no trabalho: a maneira de se apresentar e de ser apresentado, com seus rituais de reverências, a forma de empu- nhar, entregar e receber cartões de negócios, documentos e objetos, sempre com as duas mãos e com eles voltados para a pessoa que os está recebendo etc. Boa parte dos clientes locais foca a construção de relações de longo prazo, e a atenção a isso é muito im- portante, pois sua consecução se dá nas ações do dia-a-dia, solidariamente com os representantes dos clientes e exacerbando a comunicação franca e sadia comeles, mas semnunca perder de vista o adequado equilíbrio entre a perspectiva do relacionamento que se deseja duradouro e o adequado retorno dos investimentos no prazo mais curto. E isso só é conseguido, na prática, pelo cuidadoso estudo dos passos, estratégias e rituais a serem observados e seguidos, da criação de um ambiente de confiança mútua, e, também, do humilde aprendizado com os erros cometidos. FG – A Embraer já tem uma imagem consolidada, como líder em aviões de médio porte. Mas a imagem do Brasil, com todos os seus problemas, interfere na imagem da Embraer? Que conselhos você daria ao gover- no brasileiro, nessa questão da imagem nacional? ORLANDO – Creio que a construção dessa imagem de empresa se deu através do exercício consistente de nossa filosofia empresarial ao longo de vários anos. A imagem do Brasil, tanto naquilo que nosso país tem de melhor como no que tange àquilo que, como nação, devemos investir para melhorarmos, tem saldo posi- tivo nesta parte do mundo, atraindo curiosidade e até admiração. Deve- mos lembrar que as culturas locais na região da Ásia Pacífico, muitas vezes milenares, levam as pessoas a entenderem maduramente que todos os países têm seus problemas e que buscam, a seu jeito e limitados em suas habilidades, resolvê-los. Tendemos muitas vezes a nos criticar internamente no Brasil, mas exter- namente o saldo de nossa imagem como sociedade é positivo. Assim, a imagem que hoje a Embraer projeta “NESTA ÚLTIMA FRENTE JÁ CONTAMOS COM CLIENTES DE RENOME COMO A JAPAN AIRLINES.”

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