Revista da ESPM - SET-OUT_2007
Eva Stal 21 SETEMBRO / OUTUBRO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M Atualmente, são lançados de 10 a 15 produtos novos por ano. Mesmo tendo iniciadosuasexportações em1961, adecisãode ser umaempresa global não foi uma visão presente até o começo da década de oitenta. Por ser o mercado brasileiro de grande porte e prevaleceremno país políticas públicas de proteção aos fabricantes nacionais, mediante barreiras à entrada de con- correntes internacionais, a Marcopolo enfatizou inicialmente o mercado in- terno. Nessa época, exportar tinha um propósito complementar, de apenas reduzir a ociosidade dos ativos nos momentos demenor demanda interna. Com o passar dos anos, a partir das capacidades que se acumularam para a conquista do mercado brasileiro e também de outras, propiciadas pelo desenvolvimento das exportações, o posicionamento entre as empresas líderes no mercado mundial pas- sou a ser o foco central das ações estratégicas da Marcopolo. Para alcançar essa meta, foi desen- volvido um conjunto de recursos e capacidades. A partir do final dos anos sessentas, a empresa passou a investir fortemente em seu De- partamento Técnico, buscando au- mentar a produtividade industrial. Um dos resultados dessa ação foi o desenvolvimento de capacidade para a produção seriada a partir de peças e componentes padroniza- dos, equipamentos e ferramentais específicos, novo layout industrial e modificações na programação da produção e controle. A empresa sempre utilizou as melhores maté- rias-primas e pesquisou aplicações distintas desses materiais. Quali- dade e durabilidade dos produtos também são fatores de diferen- ciação, por isso ela utiliza peças de reposição originais, resultando num desgaste menor dos ônibus. Um dos resultados importantes da parceria com a Daimler-Chrysler no México foi o desenvolvimento de um novo ônibus, com inúmeros avanços sobre os existentes, para atender o mercado do NAFTA. O projeto foi concebido em Caxias do Sul e testado naAlemanha.Alémdoresultadoexpres- sivo em vendas, a empresa acumulou com esse projeto maior competência para vedação, fator especialmente importante na qualificação de um ônibus, pois reduz a entrada de pó e de ruídos externos. AMarcopolo adapta famílias de produ- tos aos novosmodelos dechassis lança- dosnomercado, ouatendeademandas específicas de clientes. Ela não compra tecnologia; tudoédesenvolvido interna- mente, excetomáquinas eprocessos de domíniopúblico.Ainformaçãochegaà empresa por meio do comparecimento a feiras, através dos fornecedores e mediante benchmarking dos principais concorrentes no exterior. Parte do sucesso da Marcopolo deveu- se à verticalização de sua produção. Nesse sentido, até 2004, ela trafegava na contramão da indústria, que tem na terceirização um dos seus pilares de sustentação. Ela produzia internamente cerca de 80% dos componentes e acessórios necessários para montar um ônibus, comopoltronas, janelas, painéis e bagageiros. Não há hoje no mundo outro fabricante com linhas de ônibus tãodiversificadas –mini emicroônibus, os de dois andares ou bi-articulados, ônibus rodoviários, normais e adapta- dos. Fabrica ônibus conversíveis para os peregrinos que viajamaMeca, com peculiaridades como calha para esgo- tar a água da chuva e estofamentos resistentes à umidade. Faz também ônibus com divisórias para separar homens e mulheres. Pedidos assim fazem da Marcopolo a maior fabricante mundial de ônibus sob encomenda. A partir da solicitação de um cliente ou de uma inovação prospectada pelo Departamento de Engenharia, os novos conceitos são incorporados à linha de produção. Na área de desenvolvimento trabalham engenheiros e projetistas para atender à demanda de cada cliente, com mais de 50 opções de bares e banheiros e 20 coresparaforros. Aflexibilidadepermite que a Marcopolo fabrique produtos especiais, como o que serve ao cantor RobertoCarlosemsuas turnês.Oônibus do“Rei” temcamarimealturacertapara se encaixar atrás dos palcos. Hoje a empresa consegue atender a encomendas totalmente diferenciadas, seja de uma porta, janela, teto, ou a decoração interna de um ônibus. Além da flexibilidade de produção, sua rede de distribuição no país é muito abrangente. Uma característica das montadoraseuropéiaséapadronização de seus produtos. Como a demanda por transporte coletivo rodoviário é muitomenor, as empresas acabamnão planejandodiversasopçõesdeprodutos. Um dos motivos para que as grandes empresas automobilísticas desistissem de produzir ônibus completos no Brasil foi, justamente, onível decustomização exigido pelo mercado brasileiro. Cadaplanta temumaequipedepesqui- sa e desenvolvimento (P&D), que desenvolve projetos para atender a necessidades específicas, e existe um Ð
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