Revista da ESPM - SET-OUT_2007

36 R E V I S T A D A E S P M – SETEMBRO / OUTUBRO DE 2007 O paradigma da competitividade brasileira J á virou um lugar comum afirmar que o fato mais importantedestaprimeiradécadadoséculoXXI éa emergência,nocenáriomundial,dequatrograndes países de economia diversificada. Brasil, Rússia, Índia e China são vistos, cada vez mais, como novos pólos do capitalismomundial.Tal visão não é simplesmente frutodeestes países seremgrandes pólos exportadores de mercadorias, como fora o caso dos tigres asiáticos na década de noventa (Taiwan, Malásia, Tailândia, Coréia do Sul). Eles são apontados como novos pólos do capitalismo mundial principalmente por estarem dotados de grandes mercados internos de consumidores. Os quatropaísesjuntosrepresentamalgoemtornode2 bilhões emeiodehabitantes. Seapenas 15%deste contingente se constituir emmercado interno real, teremos algo como mais da metade do mercado consumidor da União Européia. Há previsões de bancos internacionais e de fun- dos de investimentos, baseadas nas projeções do Goldman Sachs, que colocam a China como a maior potência econômica até 2050 (hoje, ela representaoquartomaior PIBnominal 1 , atrás dos EUA, do Japão e da Alemanha), e o Brasil entre as cinco maiores economias (hoje, ele responde pelo 10 o maior PIB nominal do mundo, logo atrás da Itália, Espanha e Canadá). Pelas mesmas previsões a Índia seria a 3 a economia mundial e a Rússia estaria entre as dez primeiras. As conseqüências que são apontadas dessa nova configuraçãoda economia capitalista restringem- se, normalmente, àafirmaçãodeummundomais multipolar, onde a divisão entre países doNorte e doSul tenderiaasermaisfluida.Algodestemundo multipolar já poderia ser sentido na maneira com que as negociações da Organização Mun- dial do Comércio são marcadas pelos confrontos entre EUA, União Européia e o chamado G-20. Outra conseqüência seria a relativização da tese a respeito do advento da centralidade da riqueza imaterial (inteligência, tecnologia). Pois, excluindo a florescente indústria indiana da informática, a base econômica desses países é eminentemente “clássica”, ou seja, energia (petróleo, gás, biodie- sel) e produção industrial. E O RETORNO DO CAPITALISMO DE ESTADO B R I C S Fotos: Google Images

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