Revista da ESPM - SET-OUT_2007

39 SETEMBRO / OUTUBRO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M Vladimir Safatle centrais do capitalismo contemporâneo. No en- tanto,talvezpossamosficarcomumasugeridapelo sociólogoalemãoRobertKurz, paraquem: “emto- dosossurtosdemodernizaçãodosistemaprodutor demercadorias,oelementodoestatismoapareceu noprimeiroplano,aindaquenasformasedisfarces mais diversos” 4 . Pois o Estado aparece como ator capaz de construir as bases de infra-estrutura que permitiramo desenvolvimento dos mercados. No entanto, ahistóriadocapitalismoéahistóriadeum “movimentohistóricoondulatório,emquedomina ora o estatismo, ora o monetarismo, sem que ja- mais se alcance o equilíbrio de uma reprodução imperturbada” 5 . Isso porque o capitalismo seria o movimento incessante de interferência do Estado em momentos de crise ou de constituição de es- truturas econômicas nacionais e afastamento do Estado em momento de segurança econômica, isso a fim de permitir à concorrência funcionar como “processo de dinamização histórico” e de aumento da produtividade. Prova mais recente dessa lógica bipolar foi o modo de intervenção estatal na luta contra a crise norte-americana do mercado imobiliário. DE ONDE VEIO O BRIC? Se essa hipótese estiver correta, então podemos afirmar que esse novo estágio do capitalismo representado pelo advento de novos países no cenário mundial marcaria um certo modo pe- culiar de retorno àquilo que havíamos deixado para trás a partir dos anos setentas, istonoque diz respeito, aomenos, no papel orgânico do Estado como agente econômico. Tomemos, por exemplo, o caso da China e da Rússia.Os dois países escolheramvias distintas de abandono do socialismo real. Enquanto a Rússia optou por uma saída dramática e radical, aChina produziu um processo de modificação gradual e acomodada no qual o Estado ainda aparece como ator econômico fundamental. O resultado foi a “gangsterização”daeconomia russaàépoca de Ieltsin e o crescimento exponencial da China, assim como a transformação recente de parte da No entanto, a história do capitalismo é a história de um “movimento histórico ondulatório em que domina ora o estatismo, ora o monetarismo, sem que jamais se alcance o equilíbrio de uma reprodução imperturbada. Brasil, Rússia, Índia e China são vistos, cada vez mais, como novos pólos do capitalismo mundial. Tal visão não é simplesmente fruto desses países serem grandes pólos exportadoresdemercadorias,como fora o caso dos tigres asiáticos na década de noventa (Taiwan, Malá- sia,Tailândia, Coréia do Sul). Ð

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