Revista da ESPM - SET-OUT_2007

91 SETEMBRO / OUTUBRO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M Luiz Felipe Lampreia JR – Em uma parte da minha vida – nos anos 60 – vivi fora do Brasil e dei-me conta de que, de longe, o Brasil parecia um país voltado para dentro de si. Com sua grande experiência internacional, como o senhor vê essa presença do Brasil, ocupando um espaço grande no mapa, mas - aparentemente - muito pequenino na comunidade interna- cional, em especial no que se refere a presenças econômica e política? LAMPREIA – O Brasil – como a Rús- sia, China e Índia, países enormes – um “país baleia” (como se cos- tuma dizer), naturalmente tem uma tendência à introversão. Se você visualizar a partir do Rio de Janeiro – que foi nossa capital durante tanto tempo – a fronteira mais próxima está a uns dois mil quilômetros, talvez: o Uruguai ou Paraguai, e, portanto, a idéia de “estrangeiro” era um tanto teórica... Até poucos anos atrás, só viajava quem fosse muito rico, diplomata, marinheiro ou aero- moça. A classe média praticamente não viajava. Então, a consciência internacional estava presente em uma pequena elite intelectual e em outra pequena elite de gente rica, que viajava regularmente. A percepção do mundo era pequena, inclusive o relacionamento com os nossos vizinhos – quase que ape- nas discursivo. Com a Argentina, o Uruguai e Paraguai praticamente não havia comércio ou era pequeno, quase insignificante. Por isso, his- toricamente, o Brasil sempre esteve pouco consciente dessa dimensão internacional, bem ao contrário de países europeus. Na Europa, em qualquer lugar que se esteja, em horas, apenas, por via terrestre, você está em outro país. Isso condiciona Ð Fotos: Flavio Carvalho

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