Revista da ESPM - SET-OUT_2007

92 R E V I S T A D A E S P M – SETEMBRO / OUTUBRO DE 2007 Entrevista as pessoas. Mesmo os empresários brasileiros não tiveram – e ainda não têm – muita familiariedade com o resto do mundo. Eu comecei a trabalhar no Itamaraty em 1964 e fui colocado no setor de café, que representava, na época, 80% das receitas de exportação. Imagine que os empresários de café brasileiros não vendiam café no exterior. Ele era comprado aqui, em Santos, por grandes empresas. Outros itens de comércio sazonal, nem pensar. O Brasil mudou fundamentalmente a sua inserção no mundo. JR – Desde essa época – 1964 – o senhor diria que houve uma mu- dança perceptiva nessa posição? LAMPREIA – Há alguns indi- cadores muito claros. Deve-se destacar o fato de que o Brasil, no ano passado, pela primeira vez, se tornou exportador em vez de importador de capitais: o país investiu mais no exterior do que os estrangeiros investiram aqui. Em segundo lugar, o comércio internacional, 40 anos atrás, era de uns US$ 2 bilhões e hoje é 100 vezes maior: perto de US$ 200 bilhões. Em terceiro lugar, hoje, uma fatia apreciável da população brasileira viaja ao exterior. Do Rio de Janeiro e de São Paulo devem partir quase 100 vôos semanais. É difícil encontrar uma pessoa de classe média que nunca tenha saído do Brasil. JR – O Brasil tem tido – através dos anos – uma presença diplomática talvez até superior à sua presença e importância reais. O senhor con- cordaria com essa afirmação?

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