Revista de Jornalismo ESPM - 28

18 JULHO | DEZEMBRO 2021 por emily bell naesteiradamortíferainsurreiçãonasededocongressoamericano, o Capitólio, plataformas de tecnologia foramobrigadas a reconhecer o papel que tiveramemenvenenaroclimanamídiaamericana, nacondiçãodeprincipaisdistribuidoresdenotíciasnomeiodigital e fontedemuitadesinformação. Facebook,TwittereGoogleagiramcomonuncaantes: oTwitterpassouaalertarparamentiras incendiáriasdeDonaldTrump, removeucertaspostagens e, no final, suspendeu sua conta; o Facebook o baniu por incitar a violência. De umdiaparaoutro, serviçosdehospedagemde sites tiraramdoar a rede social Parler, popular entre a extrema direita. Plataformas que tinhamgerado e sustentado umgoverno tóxico agora abandonavamseu hitmakermais falacioso. A grande desplataformização de janeiro de 2021 teve um efeito imediato: alémde Trump, milhares de contas dedicadas a teorias da conspiração sumiramda internet. A impressão foi a de uma inflexão que empresas de tecnologiavinhamadiandohámuito–atéqueapandemiachegouedeuumprimeiro empurrão: emmarço de 2020, o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, anunciou a criação de um “centro de informações sobre o coronavírus” que colocaria “informações oficiais” no topo da feed de notícias (“Ninguémpode sair gritando ‘Fogo!’ emum lugar cheio de gente, e acho que sair espalhando desinformação em meio a uma pandemia como essa é parecido”, detalhou Zuckerberg em teleconferência aos jornalistas.) Na sequência, plataformas passaram a criar novos recursos e a responder diretamente à desinformação. Emmaio, o Twitter colocou uma advertência pelaprimeiravezemumtuítedeTrump, avisandoqueotextocontinha“informações possivelmente falsas sobre processos eleitorais”. Ainda naquelemês, depoisdeapolícia termatadoGeorgeFloyd,Trumppostoucomentários racisLeia sempre o rótulo Como as plataformas de tecnologia separam o joio do trigo e decidem o que conta ou não como jornalismo em todo o mundo? tas que o Twitter ocultou por trás de um alerta, com o aviso de que infringia normas ao glorificar a violência. Tudo isso se seguiu a um período de 40 anos de desregulamentação da mídia – como disse recentemente a deputados no Congresso americano – que criou um ambiente “otimizado para o crescimento e a inovação, não para a coesão e a inclusão cívicas”. O resultado, como vimos, foi a propagaçãodesenfreadadedesinformaçãoede extremismo.Sóquedarumfimamovimentos fascistasmilitarizados –e evitar outro ataque a umedifício público – exigirámais do que remover conteúdo.Empresasdetecnologiaprecisam recalibrar fundamentalmenteomodo comocategorizam,promovemedistribuemtudosobsuabandeira, especialmente notícias. Precisam reconhecer sua responsabilidade editorial. O extraordinário poder de plataformas de tecnologia de decidir que material vale ser visto – na definição mais vaga possível de quem conta como “jornalista” – sempre foi fonte deconflitocomveículosde imprensa. Essas empresas foram agora colocadasnaposiçãodeseremconsideradas responsáveisporcriarumecossistema de informaçãobaseadoemfatos.Não está claro o quanto estão dispostas a fazer, se vão realmente investir em mecanismos pró-verdade em escala global. Mas é patente que, depois da invasãodoCapitólio,nãohácomotudo voltar a ser como antes. Batalha contra a desinformação Entre2016e2020, Facebook, Twitter eGoogle soltaramdezenas de comunicadosprometendoaumentar avisibilidade de jornalismo de alta qualidade e erradicar a desinformação daninha. Disseram estar investindo QUEM | QUANDO | COMO | ONDE | POR QUÊ E O QUE ESTÁ POR VIR. . .

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