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Porqueé tãodifícil

transformaroBrasil?

S

e nossos políticos fossem éticos no trato da coisa pública, como já pedia

Aristóteles, os impostos cairiam pela metade no Brasil. Se os governos res-

peitassem o cidadão, teríamos tido um Procide, antes do Procon. Se respei-

tássemosmais omérito, teríamos de apelar menos ao “jeitinho”. Se investíssemos

na pré-escola, daríamos um salto no ensino fundamental. Se nossos advogados

fossem menos prolixos, a Justiça brasileira seria muito mais ágil. Finalmente, se

não tivéssemos um complexo de vira-lata, a indústria brasileira não teria perdido

para os estrangeiros US$ 100 bilhões só no ano passado.

Poderíamos irmuito além, nessa lista de expectativas que nunca se realizam. Por

que será que é tão difícil mudar as coisas em nosso país? Será que deixaremos

umdia de assistir àmalversação do dinheiro público, ao apego a ideologias ultra-

passadas e à vitória das mediocridades, a que já se referia Rui Barbosa? Muitos

acreditam que sim, mas, como pensam os nossos colaboradores, impõe-se uma

condição: para transformar o país, teremos antes de mudar alguns de nossos

valores, crenças e atitudes.

Mas mudar nossos valores não será uma tarefa fácil. Os sociólogos dizem que é

preciso pelomenos uma geração para que os valores de uma sociedade comecem

amudar. Até agora, pelomenos, estamos aprofundando cada vezmais a distância

que nos separa das nações que hoje estão na vanguarda do mundo. Por exemplo,

o último estudo da Unesco sobre a qualidade de ensino no mundo coloca países

asiáticos nos sete primeiros lugares, enquanto nós ficamos com o 58º lugar na

lista. Agora surge a notícia de que a China acaba de desbancar os Estados Unidos

como a maior potência comercial do mundo. Os asiáticos são hoje o motor do

progresso humano, e a vantagem que possuem são os seus valores sociais e pes-

soais. Até parece que a “ética protestante” de que falavaMaxWeber transferiu-se

para o Oriente.

No entanto, desejamos encerrar este editorial comuma nota de otimismo. Nas pá-

ginas que se seguem, o leitor encontrará análises críticas,mas tambémpropostas

e sugestões demudanças, feitas por grandes juristas, acadêmicos e empresários.

Convidamos ainda vários homens públicos a se manifestar, mas eles preferiram

silenciar. Aparentemente, os políticos sãoos quemais temem, oumenos desejam,

transformar o Brasil.

Francisco Gracioso

Presidente do Conselho Editorial

PARA ASSINAR, LIGUE: (11) 5085-4508 OU MANDE UM FAX PARA: (11) 5085-4646 -

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Francisco Gracioso –

Presidente

Alexandre Gracioso

Hiran Castello Branco

Thomaz Souto Corrêa

J. RobertoWhitaker Penteado

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