Revista de Jornalismo ESPM - 28

22 JULHO | DEZEMBRO 2021 por clare malone durante a semana, philip de franco senta de frente para a camêra praticamente tododia para encarar a internet. Atrás dele, há uma espécie de “mancave”, aquelecantinhomasculinocomparedesvermelhas, sofádecouro preto comalmofadas prateadas, prateleiras no estilo “industrial chic” cheias de cacarecos, incluindo umglobo pintado de preto. É o estilo dos sonhos de umpresidente daqueles clubes de universitários americanos. Aos 35 anos, o cabelo escuro espetado com gel, DeFranco em geral usa moletom, às vezes no estilo tie-dye e com algum dizer como EMOTIONALLY EXHAUSTED ou DON’T BE STUPID, STUPID. Há anos, saúda o público com um “Sup, you beautiful bastards?”, algo como “E aí, cambada?”. DeFranco temumprogramanoYouTubecujapropostaédarumapanhado de notícias em cerca de 15 minutos. No espaço, já cobriu hacking pelos russos, Donald Trump no Twitter, TomCruise dando piti emum set por causa daCovid, aYouTuber JoJo Siwa saindodo armário, oPornhub tirandodo ar vídeos commenores e o game Cyberpunk 2077, que depois demuita expectativa chegou infestado de bugs. Cada segmento – demarcado na barra de progresso do vídeo, o que ajudamuito – temde dois a trêsminutos; oumais, dependendodacomplexidadedoassunto. Éagregaçãodenotícias semnecessidade de ficar rolando texto, algo perfeito para acompanhar uma xícara de café pela manhã ou a triste saladinha devorada na mesa de trabalho. OThePhilipDeFrancoShownãoé jornalismodeelite. Emuma sondagem informal de amigos que assinamo NewYorkTimes, ninguémsabia quemera o rapaz.Mas, noTwitter, ele tem1,2milhãode seguidores, o que não chega a impressionar (pelospadrõesdomeio).DeFrancoestácientedisso. “Temgente nessa área que se acha superior”, disse ele certa vez. “É algo que você nota Opovome ama! Philip DeFranco e o poder do influenciador jornalístico na era das redes sociais todavezquealguémescrevesobreum YouTuber comumtommeiopejorativo, como se não fôssemos nada, só umamoda que vai passar. Ainda que essa seja a norma no novo normal.” E se, anos atrás, alguns indagassem quanto tempo levaria para que YouTuberschegassemàmídiaconvencional, o que aconteceu foi que a mídia mainstream ficou mais parecida ao YouTube: fragmentada em verticais de interesses específicos. Para seu público, DeFranco é, como disse o OrlandoSentinel, “oWalterCronkite da geração YouTube”, falando a um públicodemais de 7milhões de assinantes de seu canal na plataforma. É 1,7milhãoamaisdoqueaaudiênciade uma semana do CBS EveningNews, e4,5milhões amais doque a audiência do horário nobre de fevereiro da Fox News. Seus vídeos já foram vistos mais de 1 bilhão de vezes. Quem não está acostumado pode ficar zonzo com o dialeto e a cadência do rapaz no YouTube: é um tal de “dá logo um like ou vou aí e te encho de porrada”, emmeio a cortes abruptos eumgestual frenéticocommãos e olhos.DeFranco,quetambéméconhecidoporPhillyD,citouDaneCookcomo umadesuasprimeirasinfluências.Em sua programação, ele também abre espaço para cobrir as infindáveis tretas envolvendo celebridades do YouTube—JakePaul dizendoqueocoronavírusémentira,oOnlyFansbanindo Gabi DeMartino –, o que tanto incrementa a fama de gente da sua geração comopodealienarquemvemchegando (e dá-lhe, Google!) Issoposto, comoummillennial dos maisvelhos,DeFrancosevendecomo umavozda razãoemummundocaótico. Suapraianãoéo furodereportagem.Oqueele teméumfaroaguçado paraanotícia, umjeitoenvolventede QUEM | QUANDO | COMO | ONDE | POR QUÊ E O QUE ESTÁ POR VIR. . .

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