Revista de Jornalismo ESPM - 28

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 23 expor dramas políticos complexos e exploraromundodosfamososunindo numa sómeada fios culturais, econômicosecomportamentaisquesecruzam. Peguemos o episódio ocorrido emjaneiro, que cobriu a expulsãode Trumpemváriasplataformas sociais: DeFranco começou falandoda decisão do Twitter, depois entrou rapidamente na questão da liberdade de expressão, citando juristas que opinavamque expulsarTrumpnão violava a Primeira Emenda da Constituição americana; emseguida, engatou uma diatribe sobre o poder desmedido que executivos do mundo da tecnologia têm sobre a vida americana, sem terem sido eleitos para tal. Em dezembro do ano passado, postou um segmento igualmente astuto: comentando a ida de Olivia Jade ao programa Red Table Talk — a moça estava envolvida na “Operação Varsity Blues”, amesa vermelha é parte do cenário do talk show de Jada Pinkett Smith no Facebook —, DeFranco resumiu o que tinha sido uma conversa meio constrangedora sobredinheiroeraça, dandoseuspróprios pitacos sobre a redençãona era do cancelamento. DeFranco não pesa a mão. Opina, mas sem cair no intelectualismo; o formato, de segmentos breves, evita que se meta em polêmicas. No que se propõe a fazer — resumir notícias, dar sua opinião e ouvir o que o público acha — é eficaz. E, evidentemente, tem a singular capacidade de fazer o povo voltar dia após dia. Geoff Weiss, editor sênior do TubeFilter, um meio que cobre a indústria do entretenimento, acha que a combinação da audiência estável do DeFranco—seusvídeosdiárioscostumamtermais de ummilhãode visualizações — e a longevidade na plataforma é “umfeito impressionante. Muitos dos primeiros astros doYouTube perderam o pique ou foram cancelados”, ressaltaWeiss. “É bem raro o que ele fez: resistir ao teste do tempo e se manter relevante.” Neste sentido, ele é um modelo bemdesenvolvidoparaumacategoria recém-surgida: o jornalista-influenciador. Sua trajetória temcarátereducativo para a leva de conteúdo noticioso que prolifera em plataformas como YouTube, Substack, Patreon, TikTok e Twitch, já que seus donos precisamsaber equilibrar cobertura, negócios e comunidade e, aomesmo tempo, manter a credibilidade (ou seja, “influenciar”). Ficapatente que ele está vivendo o sonho do “mini- -império de mídia” que todo jornalista ferrado e mal pago tem; seus moletons, aliás, estão à venda: parte de sua coleçãoEmotionallyExhausted — bem como uma linha de máscaras DON’T BE STUPID, STUPID produzidas faz pouco “para todo influenciador queridinho que continuafazendofestaemmeioaumapanILUSTRAÇÃO: CJR Com 7 milhões de assinantes em seu canal, Philip DeFranco é o contraponto direto ao modo imparcial do jornalismo tradicional

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