Revista de Jornalismo ESPM - 28

56 JULHO | DEZEMBRO 2021 quando philip meyer, então professor e pesquisador da universidade da carolina do norte, nos Estados Unidos, afirmou, comchocante precisão, que “não haverá mais leitores diários de jornais no primeiro trimestre de 2043” emseu livro Os jornais podemdesaparecer? (Editora Contexto, 2007), parecia tratar-se de umdiagnóstico apocalíptico, com a finalidade de chamar a atenção para asmedidas necessárias para “salvar o jornalismo” (como, aliás, propõe o subtítulo da obra). Mais de uma década depois, o que soava como profecia (ainda que baseada em cálculos matemáticos) caminha para se tornar realidade. E, para desgraça de Meyer, muito antes que o previsto. Ao menos é o que indica uma pesquisa feita comexclusividade para a TVCultura e oMidiaJor 2021 – evento promovido peloPortal Imprensa. Jornais e revistas impressos aparecemna rabeira do ranking dos principais meios de informação do brasileiro, com 12% e 10% da preferência, respectivamente. A pesquisa – realizada pelo Instituto Ideia Big Data – consultou 1.242 pessoas de todo o país por telefone entre os dias 14 e 18 de maio. A margem de erro é de três pontos percentuais. “Quando olhamos o meio jornal, o print, não é segredo para ninguém, a circulação nomundo cai a dois dígitos há vinte anos. E é obvio que a gente vai ver na grande maioria dos mercados talvez esta plataforma desaparecer. O que não quer dizer que estes, sejam assinantes, sejam leitores, não Procuram-se leitores! Organizações jornalísticas precisam rever seus conceitos para falar a mesma linguagem dos nativos digitais, os sub-25, que utilizam as redes sociais como principal fonte de notícias continuem se relacionando com a marca”, disse a vice-presidente de produto e operações do grupo RBS, Andiara Pertelle, ementrevista para o documentário Informação:Modos de Consumo, exibido em junho pela TVCultura e disponível no canal do jornalismoda emissora noYouTube. No caso do Brasil, os índices podem ser considerados quase que uma “sobrevida” dosmeios impressos. É preciso levar em conta que, embora a penetração da internet venha crescendo no país, a qualidade da conexão e os meios usados refletem a nossa desigualdade. Um levantamento do Comitê Gestor da Internet noBrasilmostrou que nove emcadadezdomicílios das classesD e E acessam a internet apenas pelo celular. Não é à toa que a televisão, a velha conhecida dos lares, ainda predomina como principal meio de informação, com a preferência de 73% das pessoas, de acordo com a pesquisa. Contudo, independentemente do plano de conexão contratado, o fato incontestável é que o celular está nas mãos dos brasileiros. Ele é o principalmeiode acesso àsmídias digitais, coma preferência de 94%dos usuários. E, uma vez conectados, a informação (e o seu antônimo, a desinformação) fica a um clique. Resultado: as mídias sociais aparecemna segundaposiçãocomoprincipalmeio de informação, com 63% da preferência dos entrevistados. A seguir aparecem sites jornalísticos (47%), jornais digitais (42%) e serviços de mensagem comoWhatsApp (36%). Para 67% das pessoas ouvidas, a facilidade de acesso é a maior vantagem de usar os serviços de mensagem para se informar. Qualidade por rodrigo ryan piscitelli ENQUANTO ISSO NO BRASIL...

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