Marco_2006 - page 37

Varejo:
a última fronteira
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M A R Ç O
/
A B R I L
D E
2 0 0 6 – R E V I S T A D A E S PM
“NÃOSÓOVAREJOBRASILEIRO–MASOMUNDIAL–
TRANSFORMOU-SENUMAARENADECOMUNICAÇÃO.”
Falamosde lojaatéagora, do serviço
e eu pergunto a vocês: quanto ven-
dem pela internet atualmente, no
Brasil?
FG
– A Gazeta Mercantil publicou
recentementeumestudoquedápara
2005 um total de R$ 10 bilhões. A
verdade é que boa parte se refere à
venda de automóveis.
JR
– De qualquer maneira, estamos
lidando com um consumidor bem
diferente daquele que vai ao shop-
ping, pois ele fica em casa, digita
no seu teclado, usa omouse e pede
o seumaterial de construção...
CARLOS ANDRÉ
– Creio que não
são consumidores diferentes; são
momentos diferentes ou produtos
diferentes. Por exemplo, se sou um
consumidor que adora aparelho de
som, não vou comprar pela internet,
porque vouquerermexer – é o todo
da experiência. Posso até fechar a
compra depois pela internet, mas
quero viver a experiência.
JR
– Seria uma compra de dois tem-
pos: apessoavai à loja, vêomaterial
e, num segundo tempo, em casa,
então decide.
CARLOS ANDRÉ
– Venho de uma
experiência de oito anos e meio de
ShopTime
,onde,em1998,a internet
era 2%da venda; no anopassado, a
venda pela internet atingiu 70% do
total.O
ShopTime
é televisão, catá-
logo via internet; não tem loja. Nas-
ceuecresceucomoummodelomulti-
plataforma. Nós observamos que o
comportamentodoconsumidorvaria
de acordo com a relação dele com
cadameio.Talvezomundoda inter-
net não vá ser tão grande quanto se
imaginavaem1999ou2000,quando
se pensou que as lojas físicas iam
desaparecer; mas certamente não é
tão pequeno quanto se imaginou no
“estouro da bolha”. Ele vem cres-
cendo. Só no ano passado cresceu
50%.É impressionante,pois,normal-
mente, taxas de crescimento são
decrescentes. Mas a internet está
mantendo uma taxa de crescimento
de 50%há 3 anos seguidos.
JR
– Não seria devido à pequena
penetração da informática nos lares
brasileiros?
CARLOS ANDRÉ
– Há 18 milhões
de internautas e somente 10% com-
prampela rede.Opotencial decres-
cimento ainda é muito grande.
FERNANDO
–Minhavisãoéumpou-
co diferente. O que se passa na in-
ternet, hoje, nãoéumavenda tecno-
logicamente avançada. O que se
está vendendo na internet é sim-
plesmente serviço. São livros, discos,
turismo, viagem e alguns eletro-
eletrônicos, que não necessitam de
experimentação, como o iPod. Se
acrescentarmoscercadeR$5bilhões
de veículos, isso deve perfazer 90 a
95% das vendas totais pela internet.
Compram-se pela internet produtos
conhecidos, de que já se tem refe-
rência – é a simples transmissão de
um pedido. Isso só se viabilizou
quandoalgumasempresasmontaram
esquemasparaqueo livro,porexem-
plo, fosseentregueem24ou48horas.
Quando levava 5 dias para chegar,
não vendia, porque eramais simples
ir a uma loja.
CARLOS ANDRÉ
– Isso acabou ali-
mentando a indústria de livros. As
mega-stores
como Saraiva, FNAC
etc. estão crescendo.
JR
– Será que não estamos diante de
umproblemameramentede tecnolo-
gia? Eu tenho várias experiências de
que levomuitomais tempo tentando
comprar em supermercadoepapela-
ria pela internet do que indo à loja.
Seráque issonão éuma experiência
mais oumenos geral?
MÁRIO
– A internet oferece o ser-
viço, mas não a interatividade. A
experiência de compra na loja é
agradável, embora entenda que
algumaspessoasnãogostamde ir ao
supermercado...
JR
– Émais pela fila do
check-out.
MÁRIO
–Talvez.Mas, sequerocom-
prar vinho, vou ao supermercado,
olhá-lo, damesma formaquando for
comprarumprodutoderotisserie.Essa
experiência de compra – tocar, chei-
rar, ver – transforma-se em uma for-
made lazer.A internet ofereceo ser-
viço mas não oferece o toque. Na
loja prevalecem os aspectos senso-
riais, tantono segmentode vestuário
quantonodealimentação, atémate-
rial de construção.
JR
– E lá, o consumidor final,muitas
vezes, nem ia; ia omestre de obras.
CARLOS
–O consumidor tem cada
vez menos tempo. Então, tudo que
se aproxima dele, para economizar
o seu tempo, vai ter êxito.A internet,
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