Brasilassombrado
O
objetivoprincipal desta ediçãoda
Revista daESPM
éoestudoda situação
brasileira diante da crise mundial deflagrada em 2008 e a análise das
alternativas que se abremparaoBrasil eparaomundo. Nesteparticular,
dois caminhos principais podem ser considerados: o estímulo ao setor privado,
comomotor da retomada dos negócios, e uma política estatizante baseada emum
Estado forte e centralizador.
Otítuloquedemos aesteeditorial, tomadopor empréstimodoartigoassinadopela
professora Monica Baumgarten (
ver página 26
), resume bem a opinião da maioria
denossos entrevistados earticulistas sobreaposiçãodenossopaísdiantedacrise.
Os especialistas reagem com espanto à indecisão de nossas autoridades e às me-
didas pontuais e imediatistas que revelam insegurança e falta de uma verdadeira
estratégia geopolítica e econômica. Enquanto isso o Brasil perde oportunidades
preciosas e fica cada vez mais para trás, na corrida implacável entre as nações.
OBrasil parece ser incapaz atémesmo de diagnosticar corretamente os efeitos da
crise. Muitos de nossos concorrentes já escolheram o rumo estratégico que pre-
tendem seguir, seja com ênfase no capitalismo liberal ou na intervenção decisiva
do Estado na economia. Emvárias contribuições feitas por nossos colaboradores,
o leitor encontrará inspiração para o caminho que deveria ser seguido pelo país.
Por exemplo, Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, defende a ortodoxia
e a disciplina econômica herdadas do governo de Fernando Henrique Cardoso,
que elogia dizendo que os seus princípios, transformados em leis, são as únicas
barreiras que evitamumdesastre maior.
LuizCarlosMendonçadeBarros, ex-ministrodas comunicaçõeseex-presidentedo
BNDES, dizqueoBrasil precisa voltar a ter umapolítica econômicadedireita, com
umtoquekeynesiano. EoprofessorMárioMarconini, comaexperiênciaadquirida
emmuitos anos de trabalho na OMC, emGenebra, sugere que nomundo de hoje o
mais importante é a capacidade de competir internacionalmente. Por isso, propõe
queoBrasil sepreocupemenoscomacordosmultilateraisepensemaisna inserção
em cadeias de valor mundiais.
No momento em que fechamos esta edição, chegammais notícias pessimistas da
Europa,EstadosUnidoseJapão.AOrganizaçãoInternacionaldoTrabalhoprevêqueo
níveldeempregopré-crise,nospaísescentrais,sóseráatingidonovamenteem2018.
Parece que a crise atual tornou-se endêmica e já há economistas que dizemque ela
deveráressurgircomforçanospróximosanos, comose fosseumapragadocapitalis-
mo. Não se deve esperar que as coisasmelhorempara só então fazer o que é preciso.
Francisco Gracioso
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