Revista ESPM - maio-jun - Brasil Assombrado. Que caminho seguir. - page 13

maio/junhode2013|
RevistadaESPM
13
Precisamoscriar
umadireitanoBrasil
Por Arnaldo Comin
Foto: Divulgação
“E
u sou keynesiano”, sentencia Luiz Carlos Mendonça de Barros, logo
no início da entrevista, sentado na confortável poltrona do escritó-
rio-biblioteca de sua casa, em São Paulo. Fora de contexto, a frase
pode soar como uma defesa prévia a qualquer pecha “neoliberal”, um
adjetivo que Luiz Inácio Lula da Silva, eficientemente, tatuou na pele do rival tucano Fer-
nando Henrique Cardoso, valendo a vitória petista nas eleições presidenciais de 2002.
Mas basta olhar na estante a farta oferta de volumes de — e sobre — John Maynard Key-
nes, o economista britânico que revolucionou o pensamento econômico do século 20,
para constatar que Mendonça de Barros fala com pura convicção. Seus livros revelam
que a Grande Depressão de 1930 nos Estados Unidos e as consequências das grandes
rupturas econômicas, como a onda totalitária que culminou na Segunda Guerra Mun-
dial, estão presentes em seu pensamento. Imerso no estudo sobre os desdobramentos
da crise de 2008, ele está otimista com os rumos do mercado mundial. “A crise está en-
trando emseus últimos capítulos”, assegura.
A trajetória deste doutor em economia pela Unicamp, que fez carreira no mercado fi-
nanceiro, atingiu o auge durante o primeiro mandato de FHC, quando teve papel central
nas políticas de estabilização e privatizações da década de 1990. De 1995 a 1998, presidiu o
BancoNacional deDesenvolvimentoEconômico e Social (BNDES) e depois assumiu oMi-
nistériodasComunicações. Seguindo a cartilha deKeynes,Mendonça deBarros acredita
que o período de intervenção do Estado no Brasil para combater a crise já passou. Agora
é o momento de deixar a iniciativa privada liderar os investimentos de que o país tanto
precisa, sobretudo em infraestrutura. Mas bate duro no viés ideológico do PT, cujos efei-
tos, segundo ele, fizeramcomque a primeirametade do governoDilma andasse de lado.
Nesta entrevista, Mendonça de Barros mostra otimismo com a economia mundial e
se entusiasma ao analisar o modelo keynesiano adotado pelo governo Barack Obama
para sair da crise.
1...,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12 14,15,16,17,18,19,20,21,22,23,...132
Powered by FlippingBook