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setembro/outubrode2014|

RevistadaESPM

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Outrodia, lendosobreanosognosia, umasíndromeque

acometepessoascomdeficiênciaquenegamseuproblema

noplano consciente, entendi o fenômeno que ocorre hoje

comas agências que não estãopercebendo a necessidade

demudanças. Ou seja, uma análisepatológicaque inspira

uma avaliaçãomercadológica.

Não existemmuros separando ideias. Existem ideias

criandomuros.Tudoserelacionacomtudo,numverdadeiro

emaranhado de sinapses variadas. Antes, realizar essas

sinapses e ilações exigia umenorme esforço de busca de

documentaçãonasbibliotecasenoDedocdaEditoraAbril.

Hoje, está disponível para todos ao toque de umbotão.

Animais carnívoros têm os olhos na frente e os her-

bívoros de lado. Isso identifica a necessidade de correr

atrás da caça ou correr do caçador. Se isso não era ver-

dade nos tempos ancestrais, a seleção natural acabou

por confirmar a tese.

Existemtrês fasesnageraçãode ideias e insights. Apri-

meira é a incubação, uma fase caótica e variadaque busca

tudo que gerar sinapse com aquele assunto. A segunda

fase é a fertilização, quando todas aquelas informações

começam a se cruzar e fertilizar de maneira promíscua.

A terceira é a chamada fase de iluminação, quando todo

aquele sexo grupal começa a render filhotes de insights

que se unememtorno de uma tese ou causa. Aí, é hora de

estabelecer um foco preciso, um processo de consolida-

ção e comprovação de validade.

Afase1érandômicaevariada,asegundaélivreeespon-

tânea, enquanto a terceira é sintética e precisa, definindo

caminhos e instigando a reflexão.

Na fase 2 é quando o cérebro trabalha mais, mas a

nossa sensação é a de quenada está acontecendo. A razão

dissoéqueocenáriodapromiscuidadeéosubconsciente,

enquanto o consciente aguarda o fimdo processo.

A tendência de todo o processo de pesquisa é a de reu-

nir pessoas semelhantes para uma conversa conclusiva e

de consenso. Na verdade, a pesquisa deveria ser baseada

nodissenso ena geraçãode perguntas enãode respostas.

A busca deve funcionar da mesma maneira. Para

isso, deveríamos reunir umgrupo de experts inocentes

que, sem preconceitos, verão a situação ou o projeto de

maneira não “contaminada” e livre.

Algumas cortes de Justiça emvários países domundo,

quandoovereditoépor unanimidade, permitemumnovo

julgamento. Se todo mundo concordou, algo deve estar

sendo avaliado de maneira equivocada.

Buscar não significa definir o que se quer achar, e sim

definir o território desconhecido que vamos desbravar.

A busca deve ser iniciada com um cenário a ser explo-

rado e não um script a ser executado. No caminho, essa

mina pode revelar vários outros metais que nem tínha-

mos ideia de achar. Por isso o principal no processo de

busca é a mente aberta para o novo, para o conceito que

contrasta e agride, para o hiperlink que nos desvia de um

caminho para encontrar o outro.

Cabral ouColomboplanejava chegar às Índias e encon-

trou um novo mundo. Assim também é nossa busca no

universo digital. Devemos estar abertos para o contra-

ditório, para aquilo que agride nossas certezas e se con-

trapõe ao caminho predeterminado. Busca é um salto

entusiasmado rumo ao desconhecido, mas comos olhos

bem abertos para encontrar oportunidades.

Walter Longo

Presidente do Grey Lab, o primeiro laboratório de

tecnologia em uma agência de propaganda brasileira

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