Revista de Jornalismo ESPM - 28

REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 25 çãodosdois.Fãsdelongadatajáviram muitas imagens de seus dois filhos pequenos equemquiserpodeatéver o casamento de DeFranco, em 2015, com Lindsay Doty, uma ex-influenciadoradoYouTube (elepediuamão delaemum streaming aovivoparaum público de fãs pagantes). Quando o assunto tratado é mais espinhoso, DeFranco usa o recurso de comentários abaixo do vídeo. Seu público–sua“comunidade”–sesente respeitado e ouvido; ele faz com que se sintamparte do jogo e passa a sensaçãodeestarouvindosuaopinião.Às vezes,eleliteralmenteouve:DeFranco temumcelularsópararecebermensagensde fãse, aoqueparece, responde pessoalmente(embora tenhaserecusadoaserentrevistadoparaessamatériapublicadaoriginalmentenaCJR). Sua relaçãocomos fãs chegaa ser tão profunda que um deles até doou um rimao pai de DeFranco. DeFranco também fala com franqueza quandomuda de opinião – na política ou no que for. Nas eleições paraapresidênciaamericanade2012, apoiouolibertárioGaryJohnson.Deixoumaisdoqueclaroquenãogostade Trump, embora tenha ficado irritado em2016 quandoYouTubers pediam publicamenteacolegas influenciadoresqueapoiassemHillaryClinton.Em um vídeo recente sobre o cantor de música countryMorganWallen, que ébrancoe foi pegousandoumtermo racista, DeFranco disse: “O negócio é o seguinte: usar esse termo sempre foi errado. Digo, lá atrás, mas bem lá atrás, eu achava que não tinha problema se, tipo, umnegro tivesse dito issoeeuestivesse sócitando, quenão fazia mal. Não.” Em uma entrevista em 2017 com DeFranco, Dave Rubin, outro YouTuber, atribuiu a popularidade do colega em meio a tanta polarização política a sua “decência” e à disposiçãoadialogarcomquemfor. “Quando você coloca alguémcontra a parede, aúnica coisaque vai conseguir édeixar essa pessoa ainda mais aferrada à opinião dela”, explica DeFranco. “Se a intenção for realmente buscar a verdade e promover o raciocínio certo, entãoomelhor édeixar aporta aberta.” Pode ser. Mas é exatamente issooquemeiosdecomunicação tradicionais fazem, embora emseucaso estejamfalandoparaumcorte transversal maior do público e seguindo regrinhasconsagradasdo jornalismo, como cultivar fontes. DeFranco soa meio pretencioso quando avalia sua própria performance, como se não percebesse que émais fácil conquistar a confiança de uma faixa estreita da população que se identifica com ele – 66%dos que veemo programa sãohomens–, sobretudoquandovocê nuncadáumanotíciaquepossa contrariar esse público. Issoposto, o estilopersonalíssimo deDeFrancoéumcontrapontodireto ao modo imparcial do jornalismo tradicional – é a um só tempo uma denúncia e um corretivo. Seguindo seuexemplo, vieramoutros:Marcus DiPaola (2,6milhões de seguidores) usa o TikTok para dar notícias (em segundos) e tem uma seção em seu site na qual diz quais são seus vieses, seus “biases”; Hasan Piker (1,1 ARQUIVO CJR Dave Rubin, Marcus DiPaola e Hasan Piker: opiniões polêmicas e contundentes atraem minhões de seguidores nas redes sociais

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