Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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Ponto de vista
Ozires Silva
Tropeços nos
empreendimentos
N
ão é necessário enfatizar que o mundo discu-
tiu, e ainda discute, com intensidade a crise
financeira de 2008, que acabou provocando
intenso terremoto econômico, atingindo entidades,
empresas, organizações, pessoas... e países! Também
não há necessidade de insistir na teoria de que poucos
escaparam de seus efeitos. Mudanças tiveram de ser
enfrentadas, criadas e aplicadas, usando coragem e
iniciativas inéditas.
Aprendemos que as crises não determinam o “fim do
mundo” e não terminam com desânimo ou desistência.
As coisas mudam se mudarmos nós mesmos. A crise
provoca reações, as quais tambémpodemtrazer progres-
sos. A criatividade nasce da angústia, da insatisfação e
dos sonhos. E é na crise que nascem as invenções, os
descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera
a crise, supera a si mesmo.
Fracassos e penúrias podemestarmuitomais concen-
trados nos problemas do que nas soluções. E estas nem
sempre são fáceis. O sucesso pode ser visto como uma
escada, com seus degraus que precisam ser vencidos,
como numa subida. As crises deveriam ser vistas como
desafios, e, sem desafios, a vida se transforma em roti-
nas, que geram costumes, na maioria das vezes, nada
bons. Em resumo, o remédio é trabalho duro. Os empre-
endedores vivem de coragem e impulsos de superação.
No mundo global no qual já vivemos, o que realmente
conta é o futuro. Não adianta remoer o passado, chorar o
leite que se derramou. Omáximo que se pode fazer com
o que passou é procurar aprender, sem tentar justificar o
que foi perdido. Não podemos temer os próprios pensa-
mentos. Não se pode esquecer dos sonhos. Ao contrário,
acreditar que, embora possa levar tempo, eles podem
ser materializados.
No mundo moderno, tudo vem do conhecimento.
Os conteúdos produzidos pela ciência e tecnologia são
expressivos, jámudaramemudarãomuitomais a forma
pela qual vivemos e, a cada passo dado, sabemos que
não há mais volta. Os produtos que estão no mercado,
à disposição de bilhões de pessoas em todo o planeta,
ganharamvalor e cada vezmais se distanciamdasmaté-
rias-primas que os criaram. Crescem em complexidade,
exigindo competência também crescente. O mercado
está em explosão, expandindo com rapidez. A cada ano,
em que pesem os problemas, o comércio exterior se
expande. Produtos novos continuam a chegar às mãos
dos consumidores numa escala e numa frequência que
seria difícil de se prever há poucos anos. As inovações
sacodem a poeira e sempre trazem algo de novo.
Assim, temos muito que fazer e participar. Se olhar-
mos para trás, veremos que muitos de nossos conterrâ-
neos, no passado, deramcontribuições quemelhoraram
nossas vidas. Nomundo, exemplos não faltamemostram
com clareza que os reais criadores de riqueza são os
cidadãos, as pessoas. Embora no Brasil exista uma for-
te convicção, embutida em preceitos governamentais,
não é o governo que constrói um país. Este é criado,
desenvolvido e consolidado pelos cidadãos, os quais,
investindo, correndo riscos e conseguindo vitórias, dão
sua contribuição, damesma forma que os tijolos emcon-
junto constroem os edifícios. O milagre de um grande
país vem do trabalho duro, laborioso, construtivo do
cidadão, do empreendedor, do qual nascem o progresso
e o desenvolvimento das regiões e nações.
Assim, aqueles que confiaram, acreditaram e avan-
çaram estarão tão distantes que não mais poderão ser
alcançados!
Ozires Silva
Reitor da Unimonte. Foi presidente
da Embraer, da Petrobras e da Varig
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osdescobrimentos easgrandes
estratégias.Aquelequeconsegue
superá-la, superaasimesmo