especial | religiões
Revista da ESPM
| janeiro/fevereirode 2014
62
Paratodaação,umareação!
Budismo
Início do movimento:
por volta do
século 6 a.C.
Fundador:
Siddharta Gautama,
o peregrino que ficou conhecido
como Buda ao andar pelo norte
da Índia apontando a cura para o
sofrimento: meditação, sabedoria,
compaixão e moralidade
Budismo em números:
o Brasil
possui 244 mil budistas, segundo o
Censo de 2010 do IBGE
Mensagem:
Ӄ preciso meditar
para se regenerar. E refletir
constantemente para não ser mais
um escravo da lei de causa e efeito”
Budistas
B
aseado na ideia de que amorte não é a extinção,
e sim uma continuidade da mente, que existe
antes mesmo da composição do corpo, o
budismo encara os problemas da sociedade moderna
como uma consequência do principal mandamento
dessa filosofia milenar: a lei de causa e efeito. “Quando
a pessoa tem consciência de que tudo o que faz ou fala
gera um impacto na sociedade, é capaz de reconhecer
o que causa a aflição mental, física e nas relações
interpessoais, refletir sobre o assunto e mudar seu
comportamento para ser feliz,
viver emharmonia e contribuir
para a felicidade do próximo”,
observa Aristides dos Santos
Dias, relações públ icas do
Templo Zu Lai, maior templo
budista da América Latina.
“ Todo corpo é um agregado
de matéria, um ajuntamento
de terra, fogo, ar e água. O que
você come vem da terra, o que
você bebe vem dos rios, o que
você respira vemdos ventos e o
fogo interno é um empréstimo
do calor do sol. Essa é a lei da
interdependência, que mostra
como afetamos uns aos outros.
Não adianta poluir o ar ou o
rio, porque você vai precisar
respirar desse ar e beber dessa
água.”
Segundo o jorna lista que
trocouaprofissãopelobudismo,
a sociedade vem evoluindo
material e tecnologicamente,
mas está se envolvendo em um modo de vida que vai
gerar uma série de transtornos e dificultar a realização
espiritual coletiva. “Por mais elogiáveis e nobres que
sejam os ensinamentos budistas, não temos como
impor esse ponto de vista para a sociedade, porque a
liberdade humana e o livre arbítrio são pontos sagrados.
Não temos o direito de invadir a mente e a vida das
pessoas alegando boas intenções”, relata o discípulo
do Templo Zu Lai, que no Brasil não consegue formar
novos monges por conta das regras rígidas impostas
pela linhagem chinesa do budismo.
Para explicar como essa filosofia de vida reage
aos problemas do mundo, ele cita um famoso ditado
que diz ser possível aprender algo por meio de dois
caminhos: “Ouvocêmedita e aprendeou sofre e entende”.
“Infelizmente, amaioria das pessoas escolhe o caminho
do sofrimento, enquanto o
corretoéagir comoumaabelha,
que suavemente pousa na flor e
extrai onéctar, semdanificá-la.
Mas é necessário ter namente,
no corpo, na fala e na ação
uma postura adequada para
alcançar o despertar damente
iluminada.”
E l e a l ega que , s e t odo
empresário, político e cidadão
praticasse esse conceito, as
empr e s a s s e r i am menos
poluentes e predatórias; as
relações políticas honestas;
e os traba lhadores, menos
explorados. “Ohomemerudito
ganha coisas todos os dias,
enquanto o homem sábio
perde algo diariamente. Esse
é o caminho: o que perco é o
que vai me possibilitar ter um
ganho real no futuro.”
Di as lembra a i nda que,
sem esse entend imento a
caminhada ficamais longa e difícil, mas não impossível.
“Oque impede a pessoa demudar é ela própria. Símbolo
do budismo, a flor-de-lótus nasce no pântano e, apesar
de florescer no meio da imundice, ela desabrocha bela
e perfumada. Por ser impermeável, você pode enchê-la
de lama, que ela jamais ficará manchada!”