R E V I S T A D A E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2010
124
Inovação
para a sustentabilidade
¸
No final das contas, o que significa
sustentabilidade? O pesquisador Ezio
Manzini redefiniu recentemente o
conceitocomo“uma formadevidana
qual todasaspessoaspodemviverme-
lhor, consumirmenos e regenerar seus
contextossocioambientais”.Oconceito
sugere que deveríamos incorporar ao
nosso cotidiano os critérios funda-
mentais de reduçãodo consumo ede
regeneraçãodanaturezacomoobjetivos
para alcançar uma qualidade de vida
melhor.Oconceitonosdirecionaauma
mudança das nossas expectativas em
relaçãoà ideiadequalidadedevida (e
qualidadedosprodutosqueusamos)na
buscadeumestágiodebem-estar.Con-
sequentemente, paraconsumirmenos,
precisamosreduzirem90%autilização
dos recursosnaturaiseenergiaquesão
empregadosatualmentenaproduçãoe
consumodebenseserviços.Sustentabi-
lidade implica tambémnanecessidade
de regeneração dos nossos contextos
socioambientais, valorizando recursos
naturais, sociais e culturais da nossa
localidade,osquais têmsidoobjetode
intensa exploração e uso desenfreado
ao longodasúltimasdécadas.
Para se ter uma ideia da urgência do
desafiodasustentabilidade,umrelató-
riodivulgadonomêsdeoutubropelo
Pnuma, o programa daONU para o
meio ambiente, reuniu 400 estudos
científicoseconcluiuqueasmudanças
climáticas podemestar ultrapassando
as previsõesmais pessimistas. Somos
testemunhas dos mais variados fenô-
menos damudançaclimáticadopla-
neta e do consequente aquecimento
global: secas, enchentes, degelos,
furacões, incêndios são resultado da
intensaatividadehumanadosúltimos
250anos. Portanto, a transiçãoparaa
sustentabilidade implica, no sentido
mais amplo, uma mudança radical
dosnossoshábitosecomportamentos.
Discutiroatualmodelodedesenvolvi-
mentoeconstruiralternativasviáveissão
hoje responsabilidade não apenas dos
governos,mas de todos os envolvidos.
Istoincluicidadãos,empresasediversas
formasdeorganização.Trata-sedeum
processode aprendizado coletivoque
é,pornatureza,complexoe,porvezes,
imprevisível.Oprogressoemdireçãoà
sustentabilidade sugere que devemos
seguir um caminho evolucionário,
onde cada nível alcançado pressupõe
o entendimento eo exercíciodonível
anterior.Pesquisadoresdaáreadedesign
apontamquatroníveisde interferência.
Esses níveis definem os parâmetros e
critérios de ação que nos permitiriam
encarar,de formaeficaz,osdesafiosde
ummundosustentável:
NÍVEL 1
:
Otimização dos sistemas
deprodução existentes
NÍVEL2
:
Desenvolvimentodeprodu-
tossustentáveisquesubstituamosatuais
NÍVEL 3
:
Criação e desenvolvimento
desistemasdeproduto+serviço
NÍVEL 4
:
Implementação de cená-
rios que correspondam a um estilo
de vida sustentável
Quandoconcebidos,250anosatrás,ninguém imaginou,nempreviuo impacto
negativoqueos sistemasdeprodução teriamnanatureza,mashojediantedas
evidências deumplanetadoente, se faznecessáriodar oprimeiropassocom
vistasàsua recuperação.
Nesseprimeiroestágiode interferência, asaçõesdevem serorientadasnabusca
daecoeficiênciaambientaldossistemasdeproduçãoenareadequaçãoambiental
dosprodutosexistentes.Oaprendizadonessenível pressupõeaotimizaçãodos
fluxosdeprocessoseoperações industriaisao longodociclodevida. Isso inclui
linhas específicas de trabalho tais como abuscapela autossustentabilidadedas
fontesdematérias-primas,aescolhadeprocessosdebaixo impactoambiental,a
prevençãodegeraçãoderesíduostóxicosnafonte,areutilizaçãoereaproveitamen-
todemateriaisecomponentes,assimcomooconsumoeficazdeáguaeenergia.
Em linhas gerais, indústrias egovernos têmacumuladoumavastaexperiência
nesse nível. Ao longo dos últimos 20 anos, foi implementada uma série de
estratégias e ferramentas que permitiram um grande avanço na busca pela
ecoeficiência ambiental. Cabe ressaltar que, num primeiromomento, foram
desenvolvidasmedidaspaliativasdecontroledapoluiçãoe tratamentosdefinal
de tubo. Estas semostraram ineficientes ao longodo tempo, sendonecessária
Otimização
dos
sistemas
Nível
1
de produção
existentes
