Revista da ESPM
| setembro/outubrode 2014
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empreendedora, capaz de executar os seus projetos e
torná-los cases de sucesso.”
A iniciativa de unir boas ideias com tecnologia, ges-
tão e comunicação visa combater o alto índice de mor-
talidade das startups no Brasil. “Uma pesquisa feita na
Campus Party de 2013 apontou que 90%das startups bra-
sileiras ainda não geramreceita, o que inviabiliza a con-
tinuidade do negócio”, revela o coordenador do núcleo
de negócios emmarketing digital da ESPM.
Como no ambiente digital é difícil criar barreiras
de entrada para evitar cópia, o processo de inovação
de uma startup deve ser constante, porque o negócio
está sempre a um clique de ficar obsoleto. “O
core busi-
ness
dessas empresas está em inovar constantemente.
Logo, elas precisam buscar o
share of heart
e não mais
o
share of mind
, uma vez que seu sucesso depende da
adesão dos consumidores em comprar ou não deter-
minada ideia”, explica o professor. Daí a propagação da
teoria da ruptura criativa. “O Easy Taxi, por exemplo,
tornou obsoleto o negócio baseado em cooperativas
de táxi.” Já nos Estados Unidos, a Uber Taxi foi além ao
intermediar a prestação de serviços entre pessoas físi-
cas. Maior expoente da chamada “economia compar-
tilhada”, a empresa criou uma plataforma tecnológica
que oferece um serviço de carona no qual duas pessoas
podem dividir os custos de uma corrida e um serviço
de coleta e entrega de produtos. “Não somos donos de
uma frota de carros ou empregamosmotoristas. Somos
uma plataforma que conectamotoristas a passageiros”,
afirmou o diretor de comunicação do Uber, Lane Kas-
selman, em entrevista ao site
Exame
.com, no último
mês de agosto. Resultado: embora tenha despertado a
ira de taxistas no mundo todo, a Uber já está presente
em 42 países — incluindo o Brasil —, tem um valor de
mercado estimado emUS$ 18,2 bilhões e já conta com
um rival, o aplicativo Lyft.
Omesmo aconteceu quando o Dropbox foi lançado.
“Estamos no meio de um processo de transformação,
com as grandes empresas tendo de se reinventar para
não serem engolidas por uma nova forma de fazer
negócio. Isso aconteceu na Revolução Industrial. No
começo sempre é assustador, mas com o tempo, essa
mudança gera uma nova riqueza e eleva a economia a
patamares inimagináveis.” É a tecnologia alterando
as regras do jogo!
O caminho das pedras
Umestudo divulgado recentemente pela FundaçãoDom
Cabral (FDC) aponta que 25% das startups brasileiras
“morrem” antes de completar um ano e que 50% delas
encerram suas atividades em menos de quatro anos.
De acordo com o coordenador do Núcleo de Inovação
da Fundação DomCabral, Carlos Arruda, responsável
pela pesquisa, três fatores explicam essa alta taxa de
descontinuidade das empresas. O primeiro é o número
de sócios: a cada sócio a mais que trabalha em tempo
integral na empresa, a chance de descontinuidade da
startup aumenta em1,24 vez. Ou seja, quantomais fun-
dadores à frente da startup, maiores as suas chances
de “morrer”. Outro ponto crítico é o volume de capital
investido na startup antes do início das vendas. “Inves-
tir uma grande quantidade de recursos na startup antes
que ela começe a faturar aumenta as chances de insu-
cesso e indica que, para essas empresas, o melhor é ter
foco na realidade do mercado. Quando o produto ou
serviço atende às demandas reais, o caminho para a
venda émais curto e o negócio pode ser viabilizado com
o capital gerado pelos próprios clientes”, avalia Arruda.
A terceira causa apontada pela pesquisa é o local de ins-
talação: Quando a empresa está em uma aceleradora,
incubadora ou parque, a chance de descontinuidade é
3,45 vezes menor em relação às startups instaladas em
escritório próprio, sala ou loja alugada.
Diante dessa realidade, hoje, a Aceleratech conta
com um portfólio de 30 startups, das quais metade
já recebeu investimento e 70% apresentam receita.
Essas empresas atuam nas mais diversas áreas: do
segmento de logística — com a CargoBR, uma plata-
forma de intermediação de compra e venda de fretes
que facilita a relação entre transportadores e clientes —,
ao setor financeiro — com a Kaplen, uma solução de
gestão e conciliação de cartões de crédito, que pro-
porciona aos estabelecimentos comerciais a redução
de custos operacionais e recuperações financeiras.
Do Brasil para o mundo
Neste ambiente cada vezmais digital,
oproblema é encontrar empreendedores
que realmente conhecemomercado
noqual pretendematuar