Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  138 / 176 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 138 / 176 Next Page
Page Background

Revista da ESPM

| setembro/outubrode 2014

138

empreendedora, capaz de executar os seus projetos e

torná-los cases de sucesso.”

A iniciativa de unir boas ideias com tecnologia, ges-

tão e comunicação visa combater o alto índice de mor-

talidade das startups no Brasil. “Uma pesquisa feita na

Campus Party de 2013 apontou que 90%das startups bra-

sileiras ainda não geramreceita, o que inviabiliza a con-

tinuidade do negócio”, revela o coordenador do núcleo

de negócios emmarketing digital da ESPM.

Como no ambiente digital é difícil criar barreiras

de entrada para evitar cópia, o processo de inovação

de uma startup deve ser constante, porque o negócio

está sempre a um clique de ficar obsoleto. “O

core busi-

ness

dessas empresas está em inovar constantemente.

Logo, elas precisam buscar o

share of heart

e não mais

o

share of mind

, uma vez que seu sucesso depende da

adesão dos consumidores em comprar ou não deter-

minada ideia”, explica o professor. Daí a propagação da

teoria da ruptura criativa. “O Easy Taxi, por exemplo,

tornou obsoleto o negócio baseado em cooperativas

de táxi.” Já nos Estados Unidos, a Uber Taxi foi além ao

intermediar a prestação de serviços entre pessoas físi-

cas. Maior expoente da chamada “economia compar-

tilhada”, a empresa criou uma plataforma tecnológica

que oferece um serviço de carona no qual duas pessoas

podem dividir os custos de uma corrida e um serviço

de coleta e entrega de produtos. “Não somos donos de

uma frota de carros ou empregamosmotoristas. Somos

uma plataforma que conectamotoristas a passageiros”,

afirmou o diretor de comunicação do Uber, Lane Kas-

selman, em entrevista ao site

Exame

.com, no último

mês de agosto. Resultado: embora tenha despertado a

ira de taxistas no mundo todo, a Uber já está presente

em 42 países — incluindo o Brasil —, tem um valor de

mercado estimado emUS$ 18,2 bilhões e já conta com

um rival, o aplicativo Lyft.

Omesmo aconteceu quando o Dropbox foi lançado.

“Estamos no meio de um processo de transformação,

com as grandes empresas tendo de se reinventar para

não serem engolidas por uma nova forma de fazer

negócio. Isso aconteceu na Revolução Industrial. No

começo sempre é assustador, mas com o tempo, essa

mudança gera uma nova riqueza e eleva a economia a

patamares inimagináveis.” É a tecnologia alterando

as regras do jogo!

O caminho das pedras

Umestudo divulgado recentemente pela FundaçãoDom

Cabral (FDC) aponta que 25% das startups brasileiras

“morrem” antes de completar um ano e que 50% delas

encerram suas atividades em menos de quatro anos.

De acordo com o coordenador do Núcleo de Inovação

da Fundação DomCabral, Carlos Arruda, responsável

pela pesquisa, três fatores explicam essa alta taxa de

descontinuidade das empresas. O primeiro é o número

de sócios: a cada sócio a mais que trabalha em tempo

integral na empresa, a chance de descontinuidade da

startup aumenta em1,24 vez. Ou seja, quantomais fun-

dadores à frente da startup, maiores as suas chances

de “morrer”. Outro ponto crítico é o volume de capital

investido na startup antes do início das vendas. “Inves-

tir uma grande quantidade de recursos na startup antes

que ela começe a faturar aumenta as chances de insu-

cesso e indica que, para essas empresas, o melhor é ter

foco na realidade do mercado. Quando o produto ou

serviço atende às demandas reais, o caminho para a

venda émais curto e o negócio pode ser viabilizado com

o capital gerado pelos próprios clientes”, avalia Arruda.

A terceira causa apontada pela pesquisa é o local de ins-

talação: Quando a empresa está em uma aceleradora,

incubadora ou parque, a chance de descontinuidade é

3,45 vezes menor em relação às startups instaladas em

escritório próprio, sala ou loja alugada.

Diante dessa realidade, hoje, a Aceleratech conta

com um portfólio de 30 startups, das quais metade

já recebeu investimento e 70% apresentam receita.

Essas empresas atuam nas mais diversas áreas: do

segmento de logística — com a CargoBR, uma plata-

forma de intermediação de compra e venda de fretes

que facilita a relação entre transportadores e clientes —,

ao setor financeiro — com a Kaplen, uma solução de

gestão e conciliação de cartões de crédito, que pro-

porciona aos estabelecimentos comerciais a redução

de custos operacionais e recuperações financeiras.

Do Brasil para o mundo

Neste ambiente cada vezmais digital,

oproblema é encontrar empreendedores

que realmente conhecemomercado

noqual pretendematuar