Janeiro_2005 - page 86

Mesa-
Redonda
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REV I STA DA ESPM–
J A N E I RO
/
F E V E R E I RO
D E
2005
do uma nota sobre uma cidade de
Mato Grosso, chamada Sorriso;
umadessascidadesque se tornaram
milionárias, por causa da soja. A
dona de uma butique dizia que
tem, na cidade, 15 freguesas para
os novos modelos, e que a sua
preocupação era comprar 15 vari-
ações diferentes de roupa, porque
essas 15 mulheres se encontram a
todomomento, no clube, no
shop-
ping.
E afirmava: “Se uma delas
estiver usando um vestido igual ao
de outra, estou perdida. Preciso
vender um artigo exclusivo para
cada uma”.
MAURO
–Que é um pouco dessa
tendência que estamos comen-
tando.
ISMAEL
– Mas ainda existe um
mercado muito grande para as
grandes grifes.
FERREIRINHA
–Tanto assim que
o grupo Chocolate tem êxito
naquiloque a gente vê; nãodoque
verdadeiramente gera.
MAURO
– Veja a Colette, em
Paris – uma loja que já existe há
algum tempo. Depois dela, vieram
outras, do mesmo estilo, que
exploram um pouco esse universo,
onde o consumidor...
FERREIRINHA
– Você tem a Jef-
freys em Nova Iorque, Corso em
Milão... O dinheiro não está mais
na aristocracia tradicional. As mar-
cas tiveram de se ajustar aos novos
tempos. Hoje, o novo consumidor,
ávido por consumir, não é mais
quem tinha nome e sobrenome. A
pergunta do J. Roberto sobre luxo e
arte.Aartenoquesito luxonão,mas
a arte é
design
. Não se pode dis-
sociar, porque luxo vem da palavra
latina
lux
que vem do belo, da luz,
daquilo que enaltece. Então isso é
design
.Nãoháprodutode luxoque
seolheediga: issoéumhorror.Vou
me hospedar nesse hotel que tem
um serviço de luxo maravilhoso,
mas o hotel está caindo aos peda-
ços.Não faz sentido. Aarte, noque
se refere ao
design,
é intrinseca-
mente ligada.
JR
– Conheci a Danielle Allérès
num encontro da AIMAC, há uns
10 anos. Fui euquem trouxeo livro
dela para o Brasil – fiz o prefácio.
O livro foi publicadopelaFGV, que
foi aúnicaeditora interessada.Nin-
guém mais mostrou interesse. Por
que é assim tão recente o interes-
se, no Brasil, por esse segmento do
mercado?
FERREIRINHA
– Muito recente.
Tanto que o livro daDanielle é, até
hoje, o único disponível.
LIVIA
– Também temos o do José
Carlos Duran, da própria FGV.
FERREIRINHA
– O livro da Da-
nielle é especial. Há outros livros
que abordamo luxo,mas – tecnica-
mente –
Luxo... Estratégias de Mar-
keting
é uma obra-prima. De fato,
no Brasil, luxo é bem recente. Só
agoracomeçamosavero luxocomo
negócio. E issoestáassociadoauma
abertura recente do mercado; o
Brasil era muito restritivo.
JR
–Você fala da importação física
de coisas?
FERREIRINHA
– Sim, porque as
grandes marcas internacionais são
os atores globais. Há uma série de
outros atores na Globo, mas só
existe uma Renata Sorrah, um Tar-
cisioMeira. Esses atores globais a-
bremoportunidadesparaoutros.No
segmentodo luxo sãoLouisVuitton,
Chanel, que, chegando ao Brasil,
criaram novas possibilidades para
todos. Se há agora o grupo Choco-
late, Regina Lunchi, é porque sur-
giu uma possibilidade nova, no
país, que não havia antes.
MAURO
–Háde se tomar cuidado
ao trazer essas grifes para cá. São
marcas que têm visibilidade no
mundo inteiro, aconsumidoraviaja
muito e não compra no Brasil. A
grande dificuldade é ter capital,
paraesperarumpoucopelo retorno
do
business.
FERREIRINHA
– Luxo é um in-
vestimento de longo prazo. Como
no Brasil o comportamento de ne-
gócios é imediatista, essa equação,
às vezes não fecha. Qualquer pla-
nejamento que se faça para o luxo,
em termos de negócios, precisa de
5 anos nomínimo. Por que se abre
uma loja na Venezuela, no início
do governo Chavez? Porque nin-
guém está esperando o resultado
em 6meses; mas em 5 ou 10 anos.
Mas, mesmo assim, o Brasil tem
produzido resultados acima da
média. Só não temos mais expres-
“PRODUTODELUXOÉTODACRIAÇÃOFORADO
COMUMOUTRIVIAL,EXTRAORDINÁRIA,SINÔNIMO
DEBELEZA,ESTÉTICAEREFINAMENTO.”
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