Marco_2009 - page 134

Ponto de VISTA
R e v i s t a d a E S P M –
janeiro
/
fevereiro
de
2009
134
OctaviodeBarros
-Diretor deEstudosEconômicosdoBradesco
cr
i
se
sobrevoandoa
ES
PM
a
e seus impactosnobrasil
OctaviodeBarros
Divulgação
soluçãoparaos problemas do
sistema financeiromundial
aindaprecisa ser encontradae,
muitoprovavelmente, resultará
muitomaisdeumconjuntodemedidas,
deacertoseerros, doqueumadefinitiva
emilagrosa saídaparaosbancoscomos
chamadosativos tóxicos.Hojeháumcír-
culoviciosoentreconfiançaecréditono
mundo.Semconfiançanãohácréditoe
sem crédito não há confiança. Quanto
mais tempo demora a vir a solução do
sistemafinanceiro,maisaeconomia real
sofre as consequências da falta de cré-
dito. É comoumpaciente que fica sem
oxigênio: por alguns instantes, odanoé
leve; por algunsminutos certamentehá
sequelas,algumas, talvez,permanentes.
Aeconomiamundial aindanãoestána
fasedas sequelaspermanentes,mas se-
guramenteocrescimentomundial será
baixoporalgunsbons trimestresainda.
O resumodesta história, olhandopara
a frente, é que o mundo terá bancos
menos alavancados, mais regulados e
mais sóbriosnaconcessãodecréditoe
na criação de instrumentos de crédito
queelevem suacapacidadedeemprés-
timo.A inovaçãofinanceira tirará férias
por uns bons anos.
No Brasil, os sinais de recuperação da
produção industrial, dasvendasdeauto-
móveisedoconsumodeenergiaelétrica
são inequivocamente animadores, mas
insuficientespara impedirumaquedada
produção industrial de3,5%nesteanoe
ummodesto crescimentodas vendas do
varejo, ao redor de2,0%.Ou seja, oPIB
brasileirocresceráapenasmodestamente
em 2009. Esperamos agora um cresci-
mento de 0,6% para o Brasil neste ano.
Sehouveralgumviés,esseviésédebaixa.
Podeparecer pouco,mas, sepensarmos
que o ano de 2008 foi excepcional em
termos de crescimento, podemos dizer
queamanutençãodonível deprodução
debenseserviçosem2009podenãoser
ummaunegócio.Oempregoeos inves-
timentos certamente sofrerão,mas longe
daquiloque temos observado emoutros
países. Paraque se tenhauma ideia, seo
Brasilde fatocrescer0,6%em2009, será
o quarto maior crescimento do mundo
considerando os 30 maiores países do
planeta, segundo nossas estimativas. De
fato,sóperderiaparaChina, Índiae Indo-
nésia.Maisde20 importanteseconomias,
todas estarãonovermelho.
AsboasnotíciasparaoBrasilaindavirão
da inflação, que será baixa – e ajudará
apreservaropoderdecompra.Histori-
camente,apopulaçãobrasileirasempre
associou crise à inflação. Desta vez é
diferente, essa crise vem com inflação
em queda. Possivelmente a sensação
térmicados consumidores empregados
semanterá, razoavelmente, agradável.
Contudo, haverá alguma deterioração
da confiança devido à sinistrose mi-
diática com o bombardeio da palavra
“crise” na vida das pessoas.
Ascondições, portanto, sãomuito favo-
ráveis para uma queda substancial dos
juros no Brasil. Juros no Brasil também
são um elemento que afeta muito as
expectativas da sociedade para o bem
ouparaomal. Fatoéqueomundoestá
nosdandoumaenorme janeladeopor-
tunidade para convivermos com juros
circunstancialmentemaisbaixos.Nossa
expectativa, agora, é que emmeados
deste ano os juros nominais no Brasil
estejamde forma inéditaemapenasum
dígito, exatamente em9,75%.
Não vemos motivo para pânico nem
euforia na economia brasileira. Esta não
éuma crisenossa enem virá a se tornar
uma.Oreconhecimentodeque2009será
umanodifícilem termosdecrescimento,
emprego, renda, comércioe investimen-
tos não altera nossa percepção de que
os fundamentos brasileiros são muito
sólidos.Trata-sedeumacrisedenatureza
muitodiferentedasanteriormentevividas
pelo Brasil. Não há desmobilização das
estruturas macro, da infraestrutura pro-
dutiva, das instituições e dos respeitos a
regrasecontratos.Tudo isso somado fará
comque, adespeitodas dificuldades de
2009, oBrasil sejaumpaís diferenciado
no cenário global, o que, certamente,
lhe trará dividendos quando quer que
a economia mundial volte a crescer de
formamais alentadora.
}
As boas notícias paraoBrasil
ainda virãoda inflação, que serábaixa – e
ajudará apreservar opoder de compra.
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