Revista da ESPM
| janeiro/Fevereirode 2013
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Ponto de vista
Aleksandar Mandić
Quemfaz pode errar,
quemnão faz
já errou!
P
osso dizer que meus olhos começaram a se abrir
paraoque veioa ser chamadodemarketingdigital,
há mais de 20 anos, quando criei o Mandic BBS.
Naquela época, quemse aventurava pelos
bits
e
bytes
usava
modem
pela linha telefônica, cerca de cincomil vezesmais
lenta do que uma boa banda larga doméstica, atual. Porém
percebi que a necessidade dos usuários era de outro tipo de
tratamento. Eu os transformei… de usuários em clientes.
Afinal,quemusavaserviçosdecomunicação,comoosBBSs,
o fazia gratuitamente. Como comecei a cobrar pelo serviço,
issodeimediatoospromoveuaumaposiçãodiferente,pois,
como clientes, eles poderiam exigir muito mais.
Eu jamais imaginei, nem em meu mais doce sonho,
que aquele sistema que criei iria um dia se transformar no
primeiro provedor de acesso privado à internet do Brasil.
Naquelaépoca,aweberaapenasalgoetéreoeque,nomá-
ximo,serviaparatrocarmensagenscomalguémnoexterior
ou contatar pesquisadores emuniversidadesmundo afora.
Mas omundo gira depressa. Avançando ofilme, vejo-me
novamente comprandouma briga comomercado. Quando
muitasempresasdavam(eaindadão)e-mailgratuito,pensei
em elevar o nível do serviço e oferecer uma solução paga,
mas comdiferenciais sensíveis. O foco é o cliente e precisa
funcionar! E, se não funciona, o cliente deve e pode gritar.
Toda vez quehavia umcaso sério, clientemuitobravo, eu
pedia para que fosse transferida a ligação paramim. Afinal,
clientebravoestáoferecendo informaçãovaliosaparaacor-
reçãodealgumproblemaou imperfeiçãodoserviço. Cliente
bravo é consultoria gratuita. Gratuita, mas nem tanto, pois
os gritos eu precisava ouvir e ainda agradecer pelo contato.
Mas a web é um organismo vivo e extremamente dinâ-
mico. Com a massiva adoção dos
smartphones
, ainda em
progresso no Brasil, uma nova oportunidade surgiu para
quem desenvolve aplicativos, os famosos apps. Só que não
bastaserumprograma “bonitinho”. Temdeserútil, simples
e irresistível. Um de meus novos projetos está ligado ao
uso de
smartphones
. Muita gente precisa usar o WiFi, em
vez da rede de dados, seja por causa do custo de conexão
ou pela falta da contratação desse serviço. Que tal se você
dispusessedeumaplicativoquepudessecooperativamente
registrar as redes e senhas dos locais que oferecem WiFi
para seus usuários, e que você frequenta?
Isso em pouco tempo faria surgir uma imensa base de
dados que poderia ser consultada por todos. Há desafios
nesse projeto, desde aspectos técnicos até legais (alguns
locais podem não desejar ter seu acesso tornado público e
remover seusdadosdesse futurosistema). Comomonetizar
esse tipo de serviço ou aindamanter os dados atualizados?
São ideiasque fervilhamemminhacabeça, paraasquais
nemsempre tenho todas as respostas.Masdeuma coisa eu
sei, tomandoemprestadas algumasdas inúmeras frasesde
meu livro
Mandicas
: “quem faz pode errar, quem não faz
já errou” ou “é melhor errar rápido que acertar lento”. Não
sei, exatamente, como ficará o “quadro” que quero pintar,
mas sei a sensação que busco despertar nas pessoas e em
mimmesmo. Por isso, sempre tivemuitas pessoas perto de
mimqueme ajudarama construirmeus sonhos e projetos.
A realização de alguns desses sonhos pode não ter sido
perfeita, mas vários deles decolaram.
Penso que nesta fase digital em que vivemos, a qual eu
não sei precisar se é 2.1, 2.5, 3.0 ou qualquer outra, com o
incrívelcrescimentodosaplicativose
smartphones
,nãoestá
longe o dia em que iremos presenciar a morte da URL, ou
seja,ninguémmaisprecisaráusarumnavegadordeinternet
e digitar um estranho endereço do tipo http://...
Hoje, osaplicativosdoscelulares jámascaramcompleta-
mente os acessos da rede e procuram se comportar como
aplicativos locais, da forma mais transparente possível.
Assim, as pessoas ampliarão seu desejo de interagir com
a internet nesse estilo. Não apostaria as minhas fichas
em sites volumosos e caros, e sim em serviços atômicos,
no sentido de realizarem algo bem específico, pontual e
de fácil interação. Neste cenário, até mesmo a publicidade
poderá tomar outra forma completamentediferentedoque
vemos hoje. Será?Não sei se é issomesmo, mas vou tentar!
AleksandarMandić
Membro do conselho de administração da Mandic, uma das
principais empresas de
cloud computing
do Brasil
