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março/abrilde2014|

RevistadaESPM

177

“Quantomais consistente a intenção,

mais forte amultiplicaçãodas essências

damarca. Isso émágico, simbólico,

sociológico emercadológico”

mercado o tempo todo. “Quando isso acontece, a comuni-

cação damarca ganha relevância namente do consumi-

dor. Oproblema é quemuito do que é gerado emcomuni-

cação reflete umraciocínio raso, acelerado e irrelevante.

Hoje, para muitas empresas, é mais importante ter um

milhão de

likes

no Facebook do que construir vínculos

com seus consumidores.”

ComodizosociólogoZygmuntBauman,em

Amorlíquido:

sobre a fragilidade dos laços humanos

(EditoraZahar, 2004),

atualmente, os laçosda reciprocidadeestãocadavezmais

soltoseaspessoas jánãoconseguemmaismanter relações

de longo prazo. “Diante dessa falta de vínculos e da cons-

tatação de que os recursos naturais estão cada vez mais

escassos, associei a teoria das trocas deMarcelMauss ao

conceitode

gift economy

—defendidoporCharlesEisenstein

—, e criei uma metodologia capaz de identificar o domde

origemdeumamarca”, explicaMarina, citandouma frase

deMichelMaffesoli para explicar sua teoria: “Como diz o

famoso sociólogo francês, as marcas são pequenos deu-

ses falantes.Masmuitas vezes não sabemoquenempara

quemestão falando. O estudo das dádivas ajuda amarca

a questionar qual é sua função nomercado, o que ela tem

demelhor para oferecer aos clientes e como ela pode uti-

lizar isso como umdiferencial competitivo”.

Construída em parceria com o cliente, essa fórmula

geramatrizes estruturadas que facilitamo planejamento

de comunicação dasmarcas, alémde integrar o trabalho

e unificar odiscursodas diversas agências —de branding,

propaganda, promoção, ativação... —que atendemà conta.

“É umnorte para auxiliar os profissionais demarketing

a otimizar seus investimentos. A comunicação é uma

forma poderosa de transformar o mundo, inspirar pes-

soas e educar uma sociedade. Mas precisa ir além do

comercial de 30 segundos protagonizado sempre pelas

mesmas celebridades, que não acrescenta nada ao valor

da marca nem gera vínculos com seus consumidores.”

De acordo com Marina, seu papel agora é analisar

o posicionamento da marca com o intuito de criar um

campo discursivo baseado na arqueologia corporativa,

com todas as suas crenças, rituais e valores. “Quemnão

sabe o que procura, não percebe quando encontra. Então,

o que fazemos é localizar a dádiva e apontar os caminhos

para que amarca realmente entregue aquilo que promete

aomercado. Afinal, umamarca é tudo aquilo que oferece

em todas as suas relações de troca!”

Desde que lançou esta metodologia, há dois meses,

Marina já conquistou três contas: Istituto Europeo

di Design (IED), Associação Brasileira de Shopping

Centers (Abrasce) e Instituto de Tratamento do Cân-

cer Infantil (Itaci). E, em abril, temmais duas grandes

empresas entrando na carteira de clientes da Umbigo

do Mundo. “Os profissionais de marketing precisam

aprender a priorizar canais. E saber que cada escolha

representa uma renúncia. A gestão mais inteligente

das propriedades de comunicação das marcas ajuda

a diminuir a angústia do mundo corporativo, pois

mostra que uma marca não precisa estar em todos os

lugares o tempo todo para criar laços fortes com seus

consumidores.” Afinal, como Marina costuma dizer

em suas apresentações: “Quanto mais consistente a

intenção, mais forte a multiplicação das essências da

marca. Isso é mágico, simbólico, sociológico e merca-

dológico também!”

No fimdo ano passado, a especialista em

gifting

retornou

ao canal GloboNews. Dessa vez, sua participação foi no

programa Conta Corrente. ”Várias culturas falamque a

alma do presenteador vai para o presenteado”