janeiro/fevereirode2014|
RevistadaESPM
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Oelomais forte
dacorrentedobem
Valores transmitidos pela famíliaVentura ajudarama transformar “Felipinho”
emumdosmaiores voluntários do Brasil. Comapenas 8 anos, ele virou exemplo
ao doar emrede nacional seu cofrinho demoedas ao Teleton. Hoje, aos 22, o ex-aluno
da ESPMé umdos protagonistas do trabalho desenvolvido pelaAACD
Por Anna Gabriela Araujo | Fotos arquivo pessoal
R
ecentemente, uma onda de solidariedade
invadiu os Estados Unidos. Tudo começou
no ano 2000, após o lançamento do filme
Pay it forward
(Passe adiante), inspirado no
livro homônimo de Catherine RyanHyde. Na trama, que
noBrasil ganhouo títulode
ACorrente do Bem
, umgaroto
resolve colocar emprática uma ideia simples paramudar
o mundo. Incentivado por seu professor, o pequeno Tre-
vorMcKinney (interpretado por Haley Joel Osment) cria
um jogo de gentilezas, no qual cada pessoa deve retribuir
aoutros três indivíduosumfavor recebidoeassimsucessi-
vamente. Nãodemoroupara esse jogode “passar adiante”
sairdastelasdecinemaeganharadeptostantonavidareal
quantonomundo virtual. Logo omovimento ganhouum
dia, o
Pay it Forward Day
, comemorado sempre na última
quinta-feira de abril, que em2011 promoveu a prática de
maisdetrêsmilhõesdeatosdegentilezaemtodoomundo.
Temde tudo: de pessoas distribuindo abraços e flores na
rua até gente pagando almoço para desconhecidos com
o objetivo de fazer o dia de alguémmais feliz.
Muitoantesdaficçãovirar realidade, oBrasil jápossuía
a sua Corrente do Bem, que foi inspirada em um gesto de
solidariedadedeumacriança.Seuprotagonistaatendepelo
nomedeFelipeSollitoVentura.Hoje,opublicitárioformado
pela ESPMfigura entre osmaiores emais famosos volun-
tários da iniciativa criada pela Associação de Assistência
à Criança Deficiente (AACD), no final da década de 1990.
E tudo começouquando ele tinha apenas 8 anos de idade.
Em1999, enquanto assistia à segunda edição do
Tele-
ton
— programa criado para arrecadar doações para a
AACD —, Felipe deu início a um questionamento que
mudaria para sempre a vida da famíliaVentura. Ao ouvir
o Silvio Santos dizer que o programa estava acabando
e ainda faltavam R$ 3 milhões para a meta do
Teleton
ser alcançada, ele foi até o quarto, pegou seu cofrinho,
contou as moedas com a ajuda do seu pai Francisco
e perguntou para sua mãe Deborah: “Esse cofrinho é
meu? Eu posso doar todas essas moedas para o
Tele-
ton
?”. Ao ouvir um sim como resposta, Felipe só sos-
segou quando conseguiu fazer o pai levantar do sofá
em pleno domingo chuvoso e levá-lo até uma agência
bancária para doar os R$ 75 emmoedas, que estavam
em seu cofrinho. Francisco levou o filho na unidade do
Bradesco montada na sede da TV Cultura, onde o
Tele-
ton
estava sendo transmitido. Quando chegaram ao
local, cruzaram com uma produtora do programa. Ao
ver Felipe descer do carro com seu cofrinho, ela gostou
da história e armou tudo para que a doação fosse feita
ao vivo e em rede nacional.
No palco, omenino de apenas 8 anos fez sua doação e
encantouos telespectadores aoaceitar odesafioproposto
pelos apresentadores SilvioSantos eHebeCamargodeno
ano seguinte doar dois cofrinhos — como dobro de moe-
das —para o
Teleton
. “Senti vontade de fazer alguma coisa
por aquelascrianças.Mas issosóaconteceupor influência
daminha família. Meus pais aprenderam certos valores
comospaisdeles, queeu, seguramente, voupassarparaos
meusfilhos”, comentaele, quenaépocaacabouganhando
o apelidode “Felipinho” dopróprioSilvioSantos e o título
de “embaixador dobem”. “MeuavôWilson foimeugrande
incentivador, além de meu ídolo. Quando ele comprava
alguma coisa, pedia o troco emmoedas para colocar no
cofrinho do Teleton”, lembra o publicitário.
Desse pequeno gesto surgiu a ideia de mobilizar o
público infantil a ajudar os deficientes físicos aten-
didos pela AACD. Batizada de Corrente do Bem, a