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setembro/outubrode2014|

RevistadaESPM

123

Arnaldo

— Nesse sentido, inúmeras

pesquisas da Nielsen mostram que

o maior uso do celular é para leitura

de e-mails e redes sociais. A parte de

serviços financeiros, por exemplo, vem

crescendo muito, mas ainda é baixa. O

que falta para que o

mobile

de fato se

torne uma ferramenta para todos os

serviços que o consumidor necessita

no seu dia a dia?

Fabiano

— O Android já tem o NFC

[sistema de pagamento] embarcado

há muito tempo. O Google fez um

esforço absurdo com o Google Wallet

um tempo atrás nos Estados Unidos,

mas não pegou. Por que isso aconte-

ce? Não pegou porque as pessoas não

estavam preparadas para aquilo ou

não estavamdispostas a usar naquele

momento. E aí temos um dado inte-

ressante: os consumidores brasileiros

estão mais abertos a usar o celular

como meio de pagamento — até por-

que o nosso índice de bancarização é

mais baixo — do que nos Estados Uni-

dos. Se você pegar os países da Amé-

rica Latina, vai notar que nós somos

muito

early adopters

de tecnologia,

não temos medo de experimentar.

Isso significa que aqui o celular tem

um grande potencial para fechar a

cadeia de compra do consumidor.

Arnaldo

— A E-bit estima que 51,3 mi-

lhões de pessoas já realizaram alguma

compra na internet no Brasil. No ano

passado, o e-commerce brasileiro fatu-

rou R$ 28,8 bilhões, sendo que o

mo-

bile

commerce participou com apenas

4,8% desse total. Nos Estados Unidos,

as vendas por celular já representam

50% do comércio on-line. O que está

travando o crescimento mais acelerado

do m-commerce no Brasil?

Fabiano

— O que trava é a adoção da

tecnologia para pagamento e a ques-

tão da segurança. A nossa cultura

não é tão prática quanto a americana

na adoção de novidades, mas vejo

que o potencial é imenso aqui no

Brasil. Isso vai ser ampliado muito

rapidamente. Porque, diferentemen-

te dos Estados Unidos, o primeiro

acesso à internet das pessoas aqui

é pelo celular. Por isso, a nossa base

proporcional pode ser muito maior.

Arnaldo

— Que categorias podem aju-

dar a acelerar o m-commerce e puxar

outros mercados? Podemos citar como

exemplo o serviço de táxis, no qual já

existe o uso massivo de aplicativos para

pedir corridas e o próximo passo na-

tural é que as pessoas passem a pagar

também pelo celular.

Fabiano

— Pergunta difícil [risos].

Porque eu fico pensando onde o con-

sumidor compra hoje. Um fenômeno

importante a se observar é a próxima

Black Friday [fim de novembro] e o

Natal. Porque temos aí uma base ins-

talada de dois terços de smartphones

nas classes A, B e C. É essa galera

quemvai comprar on-line. Já existem

grandes redes, como a Novaponto-

com, que estão investindo em sites

responsivos [

adaptados automatica-

mente a qualquer formato de visuali-

zação

] e aplicativos específicos para

venda por celular. Essas empresas

estão se preparando para dar mais

segurança e uma experiência me-

lhor para o consumidor. A partir do

momento em que o consumidor se

sente mais seguro e domina melhor

todo o processo de compra, o negócio

vai mudar de figura. Hoje, dentro

de uma loja física, você já compara

preço com lojas virtuais. A geração

de consumidores com maior poder

de compra ainda tem um pé atrás.

Mas quando esses novos

millennials

que estão chegando começarem a in-

teragir no m-commerce, nós vamos

assistir a uma explosão muito maior

que a dos Estados Unidos.

Arnaldo

— Qual é a expectativa em

torno do 4G?

Fabiano

— O vídeo, como falamos

antes, vai se privilegiar bastante com

a adoção do 4G. As agências de publi-

cidade poderão desenvolver os seus

ativos com mais desenvoltura. Todo

o processo de busca e captura do que

você quer comprar vai ficar muito

mais rápido. Aí, veremos o surgimento

de muitas coisas legais para as pesso-

as, como aplicativos de saúde, mais

segurança na compra, campanhas pu-

blicitárias mais ricas, aplicativos com

ferramentas nativas mais fortes. Virá

coisa muito boa por aí. O 4G no Brasil,

quando funciona, jáéumaexperiência

boa. A questão é a área de cobertura.

Mas esse é umproblema de infraestru-

tura donossopaís comoumtodo.

Os consumidores brasileiros estãomais abertos

a usar o celular comomeio de pagamento, até

porque nosso índice de bancarização émais baixo

do que nos Estados Unidos