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entrevista | FABIANO DESTRI LOBO

Revista da ESPM

| setembro/outubrode 2014

120

bilhões e US$ 30 bilhões, mas é di-

fícil calcular isso no Brasil, porque

o

mobile

permeia todos os outros

canais de mídia. Hoje, você compra

propaganda no Facebook, por exem-

plo. Ele foi visto só no desktop ou no

celular também? Não acho que al-

guém saberia dar um número exato

de quanto isso movimenta. O gran-

de ponto é que, cada vez mais, have-

rá menor diferenciação do que seja

mobile

. É natural que essa pergunta

sobre investimentos seja feita, mas

talvez nem seja mais importante. A

pergunta ideal talvez seja: “para que

o consumidor está usando

mobile

?”.

Se 65% da receita do Facebook já

vêm de propaganda e 50% do acesso

vêm de aparelhos, então estamos

falando que a maior parte da receita

vem do canal

mobile

.

Arnaldo

— Como está a utilização do

mobile

pelos grandes anunciantes do

mundo digital?

Fabiano

— Certamente as empresas

que estão mais voltadas ao varejo

estão mais aceleradas. E a resposta

para explicar esse comportamento

é muito simples: elas conseguem,

por meio do

mobile

, gerar vendas.

O tal do ROI [retorno sobre investi-

mento] faz sentido, e elas começam

a investir ainda mais. O setor finan-

ceiro está bem avançado, porque o

mobile

é um grande facilitador desse

serviço. A área de entretenimento

também segue caminhando a pas-

sos largos. O mercado de games é

muito forte, claro, já que tem tudo a

fazer com o

mobile

. O setor imobili-

ário também tem mostrado grande

avanço, mas não está no mesmo ní-

vel dos anteriores que eu mencionei.

Arnaldo

— Um estudo da própria

MMA, de dois anos atrás, mostra que

62% das agências brasileiras já haviam

desenvolvido alguma ação de

mobile

marketing para seus clientes. Qual é o

perfil básico dessa comunicação?

Fabiano

— Um dos problemas é que

a agência e os anunciantes sempre

pensam: “Como é que eu posso usar

isso de uma maneira mais inovado-

ra?”. Isso é um grande erro. A cam-

panha de uma grande marca que irá

gastar milhões de reais na televisão

poderia agregar o

mobile

de uma

maneira bastante simples, como um

site móvel da própria campanha.

Muitas ações não têm site móvel,

porque o cliente cortou a verba ou

faltou tempo. Sempre tem um cul-

pado. Do nosso ponto de vista, gos-

taríamos de mais arroz com feijão e

menos espuma [risos]. Precisamos

pensar, acima de tudo, no simples,

antes de querer fazer alguma coisa

mais sofisticada.

Arnaldo

— Não há uma questão de

limitação do espaço? O que mais se

vê são patrocínios de aplicativos e se-

linhos de marcas. É um tipo antigo de

propaganda, concorda?

Fabiano

— É que a pessoa está pen-

sando no tempo em que imprimia

a campanha. Aquela coisa: “Vamos

imprimir um cupom” [risos]. É im-

pressionante como uma funciona-

lidade do iOS [sistema operacional

da Apple] muito mal usada é o Pass-

book. Não só aqui no Brasil, mas lá

fora também. Nesse aplicativo, você

pode veicular o seu cupom, a sua

pontuação do cartão ou o tíquete aé-

reo. Não há uma campanha recente

que tenha utilizado isso de maneira

eficiente. As pessoas estão usando,

muito timidamente, esses elementos

nativos do celular. E aí vamos para o

outro extremo, que é ficar discutindo

o que é ou não é esse novo

native ad-

vertising

. O que falta aomercado é co-

meçar literalmente do início. Quais

são os pontos de contato no celular

que temos de explorar na campa-

nha? Temos de nos preocupar em fa-

zer menos coisas, só que bem feitas.

Assim é que conseguimos construir

um relacionamento com o consumi-

dor. Se a partir dos pontos de contato

que você escolheu a campanha não

for eficiente em criar relacionamen-

to, é fim de jogo. A campanha não

terá os resultados esperados, você

vai achar que o

mobile

não funciona

e continuará somente na televisão.

O fato é que o anunciante precisa

continuar destinando verba para a

TV, mas o celular pode ser o grande

ativador da campanha.

Arnaldo

— Saindo do “arroz com fei-

jão”, como o senhor menciona, neste

ano a FCB conquistou o Grand Prix

de Mobile no Festival de Cannes, com

o case Protection Ad, para a Nivea.

Épreciso pensar o

mobile

como uma camada, em

uma traduçãomeio esdrúxula de “layer”, do inglês.

Uma camada do bolo. Ele é o único que consegue

permear todos os canais analógicos e digitais