entrevista | FABIANO DESTRI LOBO
Revista da ESPM
| setembro/outubrode 2014
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Arnaldo
— A conferência
Happy
Mobile Days
trouxe grandes profis-
sionais do mundo digital para discutir
experiências e apresentar iniciativas
no mercado
mobile
. Quais são os te-
mas centrais para o crescimento dessa
indústria hoje no Brasil?
Fabiano
— O evento foi espetacu-
lar. Nós tentamos trazer para a
discussão três temas principais. O
primeiro foi toda a parte de empre-
endedorismo, porque acreditamos
que o empreendedor tem um papel
fundamental no desenvolvimento
de inovações
mobile
. O segundo
assunto foi a tecnologia. E o terceiro
ponto apresentou um debate sobre
como as marcas estão se preparan-
do para atuar de maneira cada vez
mais forte nesse ambiente.
Arnaldo
— Esse último ponto nos leva
à figura do consumidor. De acordo
com a consultoria IDC, nos primeiros
cinco meses do ano, foram vendidos
28,2 milhões de celulares no Brasil. Os
smartphones corresponderam a 69%
(19,5 milhões) deste total. Por outro
lado, ainda há 30% de mercado a ser
conquistado. Quando o smartphone de-
verá consolidar o mercado de uma vez?
Fabiano
— Estamos passando por
um momento em que a porcenta-
gem ainda é importante, porque
os celulares [convencionais] estão
estacionados em 30%, 40% da base,
há alguns anos. Mas é preciso levar
em conta o crescimento do mercado
como um todo e como o smartphone
está assumindo a preferência. Se
você entra em uma loja e pergunta
ao vendedor quanto ele vende, ele
provavelmente dirá que, entre dez,
oito aparelhos são smartphones.
Essa presença vai fazer com que o
mobile
se torne cada vez mais per-
tinente para as classes C e D. E isso
é que faz a diferença. Não adianta
imaginar que as classes A e B são
as determinantes, porque não é
verdade.
Arnaldo
— Uma pesquisa realizada
pela Google Brasil estima que existam
no país, entre todas as classes sociais,
40 milhões de usuários multitelas. São
pessoas que possuem TV, computador
e smartphone. De que forma essa ri-
queza de mídia está mudando o com-
portamento dos brasileiros?
Fabiano
— Em nossa jornada diária,
o
mobile
nos toca diversas vezes ao
dia em situações muito diferentes.
Você acorda de manhã e aciona o
celular para ler alguma notícia, ver
o feed de rede social e usar o Waze
para ver como chega mais rápido no
trabalho. Durante o dia, talvez você
use mais redes sociais ou e-mails
e, num momento tranquilo, você
pode brincar com algum game. Mas
é no fim do dia que o
mobile
é mais
utilizado com a maior quantidade
de aparelhos conectados ao mesmo
tempo. Ele vira o controle remoto da
sua televisão, o ponto de acesso de
comunicação comos filhos e amigos.
Torna-se um ponto de convergência
de entretenimento. É o momento
quando a explosão de multitelas
acontece. Hoje reconhecemos o
mo-
bile
como celular e tablet, mas, no
futuro, ele pode ser algo multicoisas.
Estamos vendo todo esse mercado
novo de
wearables
[roupas e relógios,
entre outros acessórios]. São elemen-
tos que vão mudar muito a forma
como pensamos o
mobile
.
Arnaldo
— Do ponto de vista do
marketing, o senhor acredita que as
mídias tradicionais e anunciantes
estão conseguindo se apropriar e
explorar melhor esse consumo de
multitelas?
Fabiano
— Ainda há uma resistência
excessiva das grandes marcas para
utilizar o
mobile
, em comparação à
TV e às demais mídias tradicionais.
Mas isso é normal. Do ano passado
para cá, nós temos assistido à en-
trada de mais marcas. Elas testam,
acertam, erram, testam de novo e
continuam tentando. Esse é muito
mais um trabalho de perseverança
do que a convicção de que o
mobile
vai substituir essas mídias. Ele sem-
pre vai ser um ativador, um conso-
lidador de campanhas ou um ponto
final. O
mobile
consegue permear
todos esses meios e isso é muito
legal. Nós precisamos pensar o
mo-
bile
não como um canal, mas como
uma camada. É uma tradução meio
esdrúxula de “layer”, do inglês. Mas
é isso: uma camada do bolo. E o
mo-
bile
é o único que consegue permear
todos esses canais, analógicos ou
digitais.
Hoje reconhecemos o
mobile
como celular
e tablet, mas, no futuro, ele pode ser algo
multicoisas. Os
wearables
vãomudarmuito
a forma como pensamos o
mobile