R E V I S T A D A E S P M –
maio
/
junho
de
2010
20
GRACIOSO
–
Vamos levar em conta a sua
experiênciaatual como secretáriogeral da
AssociaçãoNacional deBancos. Como tal,
você temumavisãodo ladofinanceirodas
pequenasempresasquepoderáserexplora-
do.ONajjar é especializadonessaáreade
pequenasempresas, sevocêquiser sugerir
mais algum tema, podemos incluí-lo nas
perguntas também.
SILVANO
– Professor, gostaria de fazer algumas
observaçõesiniciais.Primeirooagradecimentopor
teremlembradodomeunome.Semfalsamodéstia,
foi importante aminha passagem pelo SEBRAE,
porqueaspequenasempresaspassarama teruma
visibilidadecompletamentediferente.Foiumcurto
mandatodedois anos, indicadopelo entãoPresi-
denteFernandoHenrique.A segundaobservação
équeaLeiGeraldasMicroePequenasEmpresas
foiconcebidanaminhagestãoetramitoupeloCon-
gressonoano seguinteaofinal domeumandato
comomesmoconteúdo.Mesmo foradoSEBRAE
tinhaumarelaçãofortecomoCongresso,resultado
daminha convivência por oito anos no governo
FernandoHenrique,naCasaCivildaPresidênciada
República.Portantopudecontinuartrabalhandopor
essa ideiadaLeiGeral,mesmodepoisde tersaído
daPresidênciadoSEBRAE.
GRACIOSO
– Vamos começar falando um
pouco da visão geral do papel e do lugar
ocupado pela pequena empresa em nosso
país.Comovocêenxergaomicro,opequeno
empresário e o que ele representa para a
economiaeparaasociedade?
SILVANO
–Hojenãotenhoessesdadosatualizados
porque já sepassaram alguns anos,mas asseguro
que a pequena empresa é responsável por uma
parcelapequenada arrecadaçãode impostos. Elas
representamalgomenosque20%daarrecadaçãoe
gerammaisde50%deemprego.Afunçãosocialda
pequenaempresanãoéarrecadar impostosparao
governo. Suaprincipal funçãoé criar empregosno
Brasil.Aspequenasempresastêmmenoscapitaldo
quetrabalhoemcomparaçãoàgrandeempresa,que
temmaiscapitaldoquetrabalho.Maiscapitalsignifi-
camaisautomaçãoemenosmãodeobra.Apequena
empresaé fortementecentradano trabalhoporque
elanão tem a capacidadede capital para ser auto-
matizada. Todas têmuma função social.Agrande
empresaégeradoradearrecadaçãodetributospara
ogoverno,elaéimportanteporqueogovernoprecisa
de caixa para poder tocar os projetos de interesse
nacional.Ninguémpedeàgrandeempresaquenão
demitanahoradacrise.Onegóciodelasnãoéesse,
elasdemitemporqueprecisamdar lucronofinaldo
exercício,têmdedistribuirparaosacionistasecuidar
das suas contas. AVale, por exemplo, demitiuna
horadacrise.Elanãoécomplacentecomoemprego
porquenãovivearelaçãopessoalcomoempregado,
éumaempresadecapitaleéassimquesecomporta.
Apequenaempresanão consegue fazer isso –até
gostaria–masnãopodeabrirmãodamãodeobra
porquedepoisnãoconsegue treinarumnovopro-
fissional.Então,elaémuitomenosdesempregadora
numacrisedoqueagrande.Ograndeempresário
gera renda para o grande acionista e a pequena
empresavaipulverizaressageraçãoderenda.Vejoa
pequenaempresacomoredistributiva.Ossóciosdas
pequenasempresassãosóciosdessadistribuiçãode
resultadosqueacabadiminuindoaquiloque temos
depior,queéamádistribuiçãoderenda.Àsvezesme
perguntocomoépossívelqueseconvivacomuma
disparidadederendatãogrande;nãomeconformo
comoquevejoemBrasília, entreoque se chama
PlanoPiloto e o entornode Brasília, que é pobre,
mesmoestandopróximodariqueza.
GRACIOSO
–
DizemquepiordoqueoBrasil
é a África do Sul. Johanesburgo é como
Brasília, rodeadadepobreza.
SILVANO
–Aténointeressedaclasseprivilegiadaa
rendadevesermelhordistribuídaeuminstrumento
de redistribuiçãode renda é a pequena empresa.
Vimos isso acontecer na Itália, na França... Fico
entusiasmado cada vez que falo sobre esse tema,
porqueimaginoopotencialquetemosnamão,são
maisde4milhõesdepequenasempresas, issotem
mais gente envolvidadoque emuma campanha
deumcandidatoaogoverno.Apequenaempresa
éumpartido.
GRACIOSO
–
Oquepoderiaserfeitoalémda
LeiGeralparaestimularapequenaempresa
ENTREVISTA