Revista da ESPM
|março/abril de 2013
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especial
M
auriciodeSousa tinha tudoparaserumjornalistabem-sucedido. Aindabemque
o espírito empreendedor faloumais alto e ele teve a coragemde largar a carreira
promissora como repórter policial para investir no seu próprio negócio. Assim
nasceu, em 1963, a Mônica, seu coelhinho Sansão e a MSP
–
Mauricio de Sousa
Produções, empresa responsável pela produção de histórias emquadrinhos, licenciamento de
produtos e todos os projetos relacionados aos personagens criados por Mauricio de Sousa. O
mestre dos quadrinhos temhoje o quartomaior estúdio domundo e 86% domercado brasileiro
de revistas infanto-juvenis nas bancas. Hoje, as livrarias vendemummilhãode exemplares por
ano de sua obra. É também a companhia que mais licencia produtos no Brasil: cem empresas
nacionais e internacionais utilizamos personagens deMauriciode Sousa, em2,5mil produtos.
MauriciodeSousa
Eledesenhouseuprópriofuturo!
“
A questão mais marcante a que tive de
responder no início da carreira foi: ‘Oque
eu quero para mim?’. Eu vivia rabiscan-
do. Tocava piano de ouvido. Como meu
pai trabalhava em rádio, eu participava
de todos os programas de calouros que
apareciam. Havia um leque atraente de
atividades à minha frente. Contava com
todo o incentivo da família, alémde uma
boa base cultural adquirida em casa
e nas boas escolas públicas da época.
Mudei-me de Mogi das Cruzes para São
Paulo embusca das possíveis amplitudes
para minha escolha profissional. Tentei
um lugar de desenhista em jornais. Não
consegui, mas aproveitei para ocupar
uma vaga de repórter no jornal
Folha de
S.Paulo
. Permaneci ali por cinco anos
aprendendo comunicação e estudando
como os quadrinhos americanos conse-
guiamdominar o nossomercado. Até que
me decidi pelo desenho. Demiti-me do
jornalismo e iniciei a estruturação do que
é hoje a Mauricio de Sousa Produções.
Depois de escolher o que eu queria para
o meu futuro, saí em busca de todas as
informações sobre a atividade escolhida.
Uma das dificuldades que encontrei no
início de carreira foi o crédito. Não o
financeiro. Mas o eventual descrédito
de parentes, amigos e parceiros. Temos
necessidade dessa cumplicidade. Caso
contrário, as coisas ficam mais difíceis.
Eu tive alguns problemas nessa área. E
deram tanto ou mais trabalho do que
os que eu enfrentava para ‘vender’ meus
quadrinhos. Naturalmente, depois vêm
as dificuldades na busca do capital ne-
cessário ao funcionamento da empresa.
Nesses casos, há dois caminhos: traba-
lhar, trabalhar, trabalhar e administrar
bem o pouco dinheiro para crescer
lentamente. Ou fazer uma parceria com
eventuais investidores e, com isso, crescer
e perder a independência. Eu escolhi o
primeiro caminho. Até hoje. Sinto-me
bem tratando da carreira e dos negócios
como trato as tramas das minhas histó-
rias em quadrinhos. Eu planejo começo,
meio e fim. E escolho clima, humor e
resultado nos desfechos. Nemsempre isso
é possível em outras atividades. Talvez
por isso eu tenha escolhido a profissão de
contador de histórias
.”
Profissão:
jornalista e cartunista
Cargo:
sócio e fundador
da MSP – Mauricio de
Sousa Produções
O que construiu:
a MSP, uma
organização que tem em seu
portfólio mais de um bilhão
de revistas publicadas em 120
países, 12 longas-metragens
da Turma da Mônica e 2,5
mil produtos licenciados.
Sua obra mantém uma
indústria que movimenta
US$ 2 bilhões por ano e
emprega 30 mil pessoas
direta e indiretamente
Motivo de orgulho:
ser pai
da Turma da Mônica, do Bidu,
do Cebolinha, do Cascão, do
Franjinha, do Chico Bento...
Raio-xdo
empreendedor