março/abrilde2014|
RevistadaESPM
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“OBrasilprecisade
umpactodeceleridade”
Por Arnaldo Comin
Foto: Divulgação
N
ão há passe de mágica para resolver problemas estruturais que se ar-
rastampormais de umséculonoBrasil. Enquanto emalguns setores,
como as telecomunicações, as novas tecnologias permitem saltos
geracionais de desenvolvimento, não é o que ocorre com a logística,
onde só há solução possível com mais infraestrutura de base — portos, rodovias,
hidrovias, aeroportos, terminais de armazenageme centros de distribuição.
Nas contas do presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), o enge-
nheiro Pedro Francisco Moreira, o Brasil precisaria investir 5% de seu Produto In-
terno Bruto (PIB) anual em infraestrutura na próxima década emeia para sustentar
seu crescimento. Tomando por base o PIBde R$ 4,84 trilhões de 2013, a conta sairia
em quase R$ 250 bilhões ao ano. O problema é que nossa taxa de investimento há
anos derrapa em1%, umabismo comparado aos 7%daChina, ou aos 6%doChile.
Para Moreira, se o governo tirar do papel o que já está em andamento, teríamos
resultados concretos até 2020. “Oproblema é que o brasileiro vai bemno diagnósti-
co. Mas pecamos na execução.” Asaída, segundo ele, é criar umgrande pacto entre
governo e iniciativa privada para dar rumo aos projetos e recursos disponíveis.
Se a infraestrutura é problema, em contrapartida oferece um celeiro de opor-
tunidades. Em alguns segmentos, como o de serviços de distribuição, as taxas de
crescimento podem chegar a 20% ao ano. Para contornar as carências da malha
de transporte e o roubo de cargas, as empresas investem cada vez mais em alta
tecnologia. Assim, logística deixa de ser sinônimo de transporte e assume o papel
de planejamento de produção, estratégia de marketing e racionalização de vendas.
Essa expansão geramais umdesafio ao setor: caçar talentos e formar líderes, como
apontaMoreira, nesta entrevista.