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Logística de utilidades

Revista da ESPM

|março/abril de 2014

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U

ma das maiores empresas de saneamento

do mundo, a Sabesp, que fornece água tra-

tada para 27,7milhões de pessoas, enfrenta

umproblema logístico permanente emseu

cotidiano para garantir o fornecimento dessa água a

milhões de lares em 364 municípios do Estado de São

Paulo. Hoje, o Sistema Cantareira está com menos de

13% de sua capacidade e o que há pela frente é o início

da temporada de seca, que costuma durar de abril até

outubro. Este é umdilema técnico, social e ambiental a

ser dirimido pela empresa prestadora do serviço.

Esse, semamenor sombra de dúvida, é umdos temas

mais polêmicos de todo o trabalho relacionado ao sane-

amento básico. Perdas existem? Sim. É um fator crítico,

que requer atenção, investimento e ações.

A questão é que reduzir perdas de patamares altos,

como, por exemplo, 40% ou até mesmo 50% do total

produzido (sim, existem índices como esses, e atémaio-

res) para 25% ou 30%, é uma coisa. Reduzir de 20% para

19% é outra totalmente diferente e que requer talvez o

mesmo empenho, recursos até maiores e tecnologias

mais avançadas.

Antes de tudo, é preciso conceituar o que realmente é

perda. Enão é tão simples, comomuitos tendema achar.

Para começode conversa, existemdois tipos de perda.

A perda física, que é aquela água que sai da estação de

tratamentoe, poralgummotivo, nãochegaaoconsumidor

final. É matemática pura e simples: 100 litros saíram da

estação, mas somando tudo o que émedido pelos hidrô-

metros, chegaram80 litros, ou seja, perderam-se20 litros

pelo caminho. Temos 20% de perdas físicas, geradas por

vazamentosnas redes, sejamestes causadospor desgaste

das tubulações ou movimentação. Imagine uma rua

eminentemente residencial, somente com casas e que,

de uma hora para outra, em um período de um ou dois

anos, temseuperfil alterado. As casas dão lugar aprédios

e algumas lojas. Em uma região onde somente passava

carro, agora recebe linhas de ônibus emais carros. Essa

novaconfiguraçãoalteracompletamenteapressãoexterna

e tambéma interna, pois é preciso enviarmais água pelo

mesmocano. Neste caso, tecnicamente, apossibilidade e

a probabilidade de vazamentos sãomuito grandes.

Issotudosemcontarcomomaiorpontodevazamentos:

a ligação entre a rede de distribuição e o imóvel. Este é o

pontodemaior vulnerabilidadede todoo sistema, omais

frágil e o quemais comumente sofre impactos, pois está

mais próximo à superfície, tema parte exposta (cavalete

e hidrômetro) e está, assim, mais sujeito a fraudes.

É justamente aí que apresentamos aoutramodalidade:

aperdacomercial. Estevolumeéaáguaque sai daestação

de tratamento, chega até o imóvel (ou seja, o serviço é

efetivamente prestado), mas não é medido e a empresa

não recebe por ele.

Motivosdisso?A jácitada fraude (quandoohidrômetro

é, dealguma forma, alteradoparanãomedir oumensurar

de forma inadequada o produto que passa por ele), falhas

comerciais, enfim, diversos fatores que fazemcomque