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entrevista | Walter Faria

Revista da ESPM

|março/abril de 2014

100

Alexandre –

É verdade que o coração

de um atacadista moderno é a sua

estrutura logística?

Walter –

Com certeza. Nós investi-

mos sempre em modernização, seja

na gestão, nos sistemas de infor-

mação ou nos processos, buscando

sempre a eficiência. Sermos mais

eficientes está intrinsecamente

ligado a tudo que realizamos na

nossa operação. Exemplo disso é a

implementação do cockpit de gestão

Cognos, da IBM. Em nosso portal,

temos um mapa do Brasil que pode

mostrar verde, amarelo ou vermelho

por estado. Ao clicar nesse mapa,

você tem informações por canal, por

categoria, por gerência de vendas.

Alexandre –

Essa aposta em moder-

nização e tecnologia vale para a opera-

ção logística?

Walter –

Utilizamos hoje, no nosso

depósito, o WMS (Warehouse Mana-

gement System), e automatizamos

todas as nossas unidades no ano de

2011. Depois, em 2012, iniciamos a

implementação do Transportation

Management System, com roteiriza-

dor. Agora, em 2013, terminamos a

distribuição de celulares para todos

os motoristas, com o controle da jor-

nada de trabalho, controle do GPS e

a roteirização integrada. Além disso,

também utilizamos as pistolas de

radiofrequência, com leitor de códi-

go de barra, em todos os depósitos.

Com isso, passamos a ter todos os

depósitos doMartins automatizados,

com posição de estocagem. Hoje já

estamos fazendo

picking

vertical nos

nossos depósitos. Vários deles têm

corredores com quase mil SKUs [Sto-

ck Keeping Units, ou itens unitários].

Alexandre –

Um dos valores de vocês

é “Operação Simples, Eficiente e Efi-

caz”. Simples como?

Walter –

Estamos levando soluções

para o desenvolvimento do cliente,

seja ele um supermercado, uma far-

mácia, uma loja de material de cons-

trução, de eletrodomésticos ou de

celulares. Temos uma proposta de

valor para o desenvolvimento desse

varejista. Como atendemos mais de

300 mil varejistas em todo o Brasil,

estamos segmentando nossa pro-

posta de valor por tipo de negócio.

Se, por exemplo, um caminhão nos-

so já vai passar numa rota servindo

inúmeros supermercados, mercea-

rias e padarias, diluímos o custo de

atender farmácias que estejam na

rota. Com isso, acabamos tornando

simples o que era complexo.

Alexandre –

Quem atende mercados

também atende farmácias, com a mes-

ma competência?

Walter –

Acabamos tendo, na pon-

ta, equipes de vendas segmenta-

das. Quando possível, dependendo,

é claro, da massa crítica da região,

a equipe que atende farmácias é

diferente da equipe que atende

supermercados, que é diferente

da que atende eletroinformática

e material de construção. Só que

todo o

BackOffice

, a gestão, o ca-

minhão, isso tudo está junto. Um

dos principais desafios da logística

na distribuição é o custo de servir.

É o custo do caminhão, da manu-

tenção, do motorista, da mão de

obra. O desafio é ter processos de

gestão que sejam eficientes. É não

ter perdas. É fazer uma logística

integrada. É entregar ao cliente o

pedido completo, na hora em que

ele quer. Então, há toda uma tecno-

logia e um processo de gestão por

trás, que nós, com todos esses anos

de aprendizado, e agora utilizando

novas ferramentas, conseguimos

operacionalizar de maneira eficaz

e aparentemente simples.

Alexandre –

É possível medir o im-

pacto da eficiência logística sobre os

indicadores financeiros?

Walter –

Nós medimos absoluta-

mente tudo. Se alguma iniciativa

não pode ser mensurada, ela não

é levada adiante. Tudo que vamos

implementar precisa dar retorno

sobre o investimento, precisa ter

ROI (

Return on investment

) positivo.

Caso contrário, nós não fazemos.

Hoje, no comércio brasileiro, até em

função do custo de servir e da carga

tributária, as margens são baixas.

Então, precisamos ser eficientes.

Todas as áreas têm um índice de

eficiência implementado. É um

indicador que serve para mensurar

Nósmedimos absolutamente tudo. Se alguma

iniciativa não pode sermensurada, ela não é levada

adiante. Hoje, no comércio brasileiro, asmargens

são baixas. Então, precisamos ser eficientes