janeiro/fevereirode2014|
RevistadaESPM
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Poupar para não faltar!
Focando novamente no exemplo paulista, a Sabesp redu-
ziu, de 2008 até o momento, de 33% para a casa de 25%
as suas perdas físicas, com investimentos superiores a
US$ 2,5 bilhões e pretende chegar a valores próximos a
US$ 6 bilhões até 2020, quando pretende que o índice de
perdas esteja em 18%.
Existemparâmetrosmundiais? Sim, mas igualmente
comdiferentes conceitos emetodologias. Umdos países
commelhor desempenhoéo Japão—comsuas tubulações
de aço inoxidável que aceitam movimentações mais
intensas e suportam até pequenos terremotos —, que
apresenta índices na faixa de 10%.
Ainda assim, a Sabesp é o melhor exemplo brasileiro
e suas ações servemde
benchmarking
internacional. Um
convênio coma Japan International CooperationAgency
(Jica) assegura que técnicos brasileiros estudememcam-
pos japoneses as técnicas mais avançadas de combate
a perdas em sistemas de abastecimento de água. Isso
permite que o Brasil, por intermédio da Sabesp, possa
ofertar treinamento a técnicos de outros países, em
especial os latino-americanos e os africanos de língua
portuguesa. Mas, mesmo com todo esse
know-how
, toda
a expertise e todo o investimento, esse ainda é um “cal-
canhar de aquiles”.
Enquantoa empresa se esforçaparadesenvolver tecno-
logiasde trocade ramais, instalaçãodeválvulas redutoras
de pressão, novosmateriais para tubulações, melhores e
mais precisosmedidores, existe tambéma urgentíssima
necessidade de divulgar, incentivar e incrementar ações
de uso racional da água.
A mentalidade do “se eu paguei, é minha e uso como
quiser”nãoseaplicaàquestãodaágua.Oprodutoquevocê
desperdiça hoje irá sim fazer falta, ou, melhor redigindo,
está sim fazendo falta para alguém e, em um futuro nada
distante—agora sim—, irá fazer falta tambémpara você.
A aplicação de conceitos de inteligência não somente
pode aprimorar, como já está aprimorando, os sistemas
de abastecimento. Atualmente o controle da adução e da
distribuição jáapresentaumsensível índicedeautomação
que consegue proporcionar melhor controle e confiança
aos sistemas.
Por exemplo, sensores conseguem controlar os níveis
dos reservatórios, abrindoe fechandoválvulas, acionando
ou interrompendo o bombeamento de acordo com a
necessidadedoconsumo—umreservatóriodeve ter tantos
litros de água quanto for a demanda daquele período do
dia, evitandovariaçõesdepressurizaçãoda redede forma
desnecessária, reduzindo perdas.
Inteligênciaemabastecimentonãosignificaoutracoisa
a não ser colocar água em cada imóvel da cidade, com
qualidade, regularidade e a umvalor adequado.
Agora, quanto é esse valor adequado? O suficiente para
cobriroscustosdesuaprodução?Ovalorsocialeambiental
da água? Ou o suficiente para cobrir o desperdício do seu
vizinhoquediz“Independentementedequantoeugastar,o
valordocondomíniodoprédioseráaquele, entãoeconomi-
zar paraquê?”Aí, esse seria assuntoparaumoutroartigo!
Sérgio Lapastina
Jornalista, escritor, pós-graduado em marketing pela ESPM
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