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janeiro/fevereirode2014|

RevistadaESPM

97

Poupar para não faltar!

Focando novamente no exemplo paulista, a Sabesp redu-

ziu, de 2008 até o momento, de 33% para a casa de 25%

as suas perdas físicas, com investimentos superiores a

US$ 2,5 bilhões e pretende chegar a valores próximos a

US$ 6 bilhões até 2020, quando pretende que o índice de

perdas esteja em 18%.

Existemparâmetrosmundiais? Sim, mas igualmente

comdiferentes conceitos emetodologias. Umdos países

commelhor desempenhoéo Japão—comsuas tubulações

de aço inoxidável que aceitam movimentações mais

intensas e suportam até pequenos terremotos —, que

apresenta índices na faixa de 10%.

Ainda assim, a Sabesp é o melhor exemplo brasileiro

e suas ações servemde

benchmarking

internacional. Um

convênio coma Japan International CooperationAgency

(Jica) assegura que técnicos brasileiros estudememcam-

pos japoneses as técnicas mais avançadas de combate

a perdas em sistemas de abastecimento de água. Isso

permite que o Brasil, por intermédio da Sabesp, possa

ofertar treinamento a técnicos de outros países, em

especial os latino-americanos e os africanos de língua

portuguesa. Mas, mesmo com todo esse

know-how

, toda

a expertise e todo o investimento, esse ainda é um “cal-

canhar de aquiles”.

Enquantoa empresa se esforçaparadesenvolver tecno-

logiasde trocade ramais, instalaçãodeválvulas redutoras

de pressão, novosmateriais para tubulações, melhores e

mais precisosmedidores, existe tambéma urgentíssima

necessidade de divulgar, incentivar e incrementar ações

de uso racional da água.

A mentalidade do “se eu paguei, é minha e uso como

quiser”nãoseaplicaàquestãodaágua.Oprodutoquevocê

desperdiça hoje irá sim fazer falta, ou, melhor redigindo,

está sim fazendo falta para alguém e, em um futuro nada

distante—agora sim—, irá fazer falta tambémpara você.

A aplicação de conceitos de inteligência não somente

pode aprimorar, como já está aprimorando, os sistemas

de abastecimento. Atualmente o controle da adução e da

distribuição jáapresentaumsensível índicedeautomação

que consegue proporcionar melhor controle e confiança

aos sistemas.

Por exemplo, sensores conseguem controlar os níveis

dos reservatórios, abrindoe fechandoválvulas, acionando

ou interrompendo o bombeamento de acordo com a

necessidadedoconsumo—umreservatóriodeve ter tantos

litros de água quanto for a demanda daquele período do

dia, evitandovariaçõesdepressurizaçãoda redede forma

desnecessária, reduzindo perdas.

Inteligênciaemabastecimentonãosignificaoutracoisa

a não ser colocar água em cada imóvel da cidade, com

qualidade, regularidade e a umvalor adequado.

Agora, quanto é esse valor adequado? O suficiente para

cobriroscustosdesuaprodução?Ovalorsocialeambiental

da água? Ou o suficiente para cobrir o desperdício do seu

vizinhoquediz“Independentementedequantoeugastar,o

valordocondomíniodoprédioseráaquele, entãoeconomi-

zar paraquê?”Aí, esse seria assuntoparaumoutroartigo!

Sérgio Lapastina

Jornalista, escritor, pós-graduado em marketing pela ESPM

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