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março/abrilde2014|

RevistadaESPM

103

Alexandre –

Vamos olhar para a outra

ponta da cadeia. Seu

background

é em

empresas que hoje são fornecedoras do

Martins. Em especial, Colgate, onde o

senhor construiu a maior parte da car-

reira, mas tambémDanone e Coca-Cola.

Normalmente, existe uma fricção consi-

derável entre as indústrias e as grandes

redes varejistas. O que acontece quando

tem um grande atacadista, como vocês,

no circuito? Como é a relação?

Walter –

Excelente. Nós acabamos

de ser eleitos pelo Lide (Grupo de Lí-

deres Empresariais do Brasil) como

a empresa que hoje tem o melhor

relacionamento com os fornecedo-

res. Estavam presentes na disputa:

Pão de Açúcar, Walmart, Atacadão,

Makro, Carrefour, todo mundo. E

nós fomos os eleitos!

Alexandre –

O.k., mas o que há por

trás desse prêmio, em termos práticos?

Walter –

Para ter isso de forma estru-

turada, realizamos planos de negó-

cios anuais com todos os fornecedo-

res e fazemos a projeção da demanda.

Com isso, temos um planejamento

por categoria com cada fornecedor.

Já fazemos o dimensionamento por

região, por canal, por categoria, e

isso vira um plano de negócios por

fornecedor. Temos metas conjuntas

com cada umdeles. Em alguns casos,

promovemos até a antecipação de

lançamentos de produtos. Na primei-

ra semana de abril, nós já estávamos

fazendo a pré-venda do Galaxy S5, da

Samsung, cujo lançamento mundial

ocorreu no dia 12 de abril. Esse tipo

de planejamento é possível a partir

do momento em que estabelecemos

essa gestão cooperativada.

Alexandre –

Com economia fraca, as

relações entre fornecedores e distribui-

dores não azedam?

Walter –

Quais são as prioridades

da indústria? Nós estabelecemos

metas de crescimento conjuntas.

Passamos a fazer revisões trimes-

trais. Estabelecemos, também, que

faremos reuniões

top to top

com

os presidentes dessas indústrias,

pelo menos duas vezes por ano.

Passamos a fazer campanhas de

marketing conjuntas, com revisões

trimestrais. É todo um processo que

veio sendo estruturado nos últimos

três anos. Deu um trabalho enorme

colocar tudo isso de pé, mas hoje

está funcionando. Temos de melho-

rar muita coisa, principalmente na

gestão da dinâmica das categorias,

dos lançamentos, mas evoluímos

bastante. Como fruto desse traba-

lho, os resultados estão aparecendo.

Alexandre –

Vocês hoje têm um site

de comércio eletrônico. Quais são os

desafios dessa logística?

Walter –

Omaior desafio é que essa

é uma operação em que ninguém

ganha dinheiro. O comércio eletrô-

nico está muito focado em eletro e

informática, categorias que o con-

sumidor está buscando, basicamen-

te, por preço, e o custo de servir é

alto, porque a entrega é domiciliar.

Nós estamos no

breakeven

[ponto de

equilíbrio, quando a receita total

equivale exatamente às despesas

operacionais]. Pelo menos não es-

tamos perdendo dinheiro como os

concorrentes, mas a operação não

está ainda do jeito que gostaría-

mos. O desafio é descobrir como

podemos trabalhar com esse canal,

desenvolvendo, junto ao público

consumidor, categorias que sejam

mais frequentes. Depender apenas

de bens duráveis fica difícil.

Alexandre –

Existem condições no

Brasil para a expansão de marcas pró-

prias dos atacadistas?

Walter –

Nós temos hoje em algu-

mas categorias. Se são categorias

em que temos a possibilidade de

trabalhar agregando valor, vale

desenvolver. Isso é importante. Não

é ter a marca própria só para falar

que a gente tem disponível. Ela tem

de ter um propósito. Por exemplo,

imagine uma categoria que tem um

líder de mercado absoluto e umas

dez marcas insignificantes. É uma

categoria que tem bom valor agre-

gado e pode ter uma margem inte-

ressante. Nós não precisamos ter

as dez marcas [insignificantes] em

linha. Podemos ter o líder de mer-

cado, uma segunda marca e depois

a marca própria. Para nós, a marca

própria pode, sim, ter um papel

complementar no desenvolvimento

de categorias específicas.

Montamos umplano global para o Brasil,

mas operacionalizamos localmente, levando

emconta as características e o sortimento de

produtos adequado para cada região