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entrevista | Walter Faria

Revista da ESPM

|março/abril de 2014

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lização facilita a operação, porque

podemos mudar o perfil da frota. Nós

utilizamos, por exemplo, caminhões

mais compactos. Também estamos

testando agora os tuk-tuks, que são

triciclos com baús. Para algumas

regiões metropolitanas, essa é a

solução, porque eles fazem entregas

expressas, mais rápidas e com baixo

consumo, gerando pouca emissão de

poluentes, quando comparados com

os outros tipos de veículo.

Alexandre –

Esse processo de regio-

nalização começou em 2010. Dá para

fazer um balanço?

Walter –

Hoje estamos com o Nor-

deste praticamente todo descentrali-

zado. É uma das regiões em que mais

crescemos. A grande vantagem é que

temos a oportunidade de planejar

nacionalmente com os principais

fornecedores e depois operar local-

mente. É como se utilizássemos o

modelo das multinacionais. Monta-

mos um plano global para o Brasil,

mas operacionalizamos localmente,

levando em conta as características

da região, o sortimento adequado

para aquela região e as campanhas

regionais. Vamos fazer, para a região

Nordeste, uma campanha de São

João, porque lá é muito forte. Já em

Manaus, vamos fazer a campanha

de Parintins, porque vai ter a Festa

do Boi-Bumbá. Depois, para o Pará,

o Círio de Nazaré. Esse nível de cus-

tomização, utilizando os padrões de

execução do Martins, agora é possí-

vel. Além disso, ao descentralizar, o

estoque da Bahia fica na Bahia. Hoje,

nós temos lá uma operação com 500

funcionários e quase 200 caminhões,

o que melhora a gestão. Entregamos

na Grande Salvador em24 horas.

Alexandre –

O que aconteceu com

Uberlândia, que centralizava toda a

operação?

Walter –

Veja o exemplo da Bahia.

A Bahia foi totalmente descentrali-

zada e [o abastecimento dos clientes

baianos] saiu de Uberlândia. Com

isso, a operação em Minas Gerais

cresceu 50% em quatro anos. Isso

só foi possível porque nós consegui-

mos dar mais vazão para o próprio

cliente de Minas. Hoje atendemos a

praça de Belo Horizonte em 48 ho-

ras. Conseguimos criar um sistema

melhor para servir aos clientes da

Grande BH, que assinaram acordo

de abastecimento e passaram a ter

o Martins como abastecedor de al-

gumas categorias. Teve melhoria do

nível de serviço e do nível de gestão.

Alexandre –

Um dos grandes desafios

do varejo hoje é a otimização dos esto-

ques e a reposição rápida do produto na

prateleira. As grandes redes varejistas

investem milhões na melhoria desses

processos, mas há muito menos infor-

mações sobre o que acontece no cha-

mado mercadinho de bairro, que vocês

atendem. A logística do Martins ajuda

os pequenos e médios varejistas nesse

sentido também?

Walter –

Sim. Nós passamos a fazer

alguns trabalhos de treinamento de

gestão de categorias pela Universi-

dade Martins do Varejo (UMV). Ca-

pacitamos o funcionário do lojista,

entramos com software de gestão

da loja e fazemos a gestão do espaço.

Como expor essa categoria? Qual o

layout da loja? Até o projeto arquite-

tônico de uma nova loja nós desen-

volvemos para o lojista, se ele quiser.

Aí, o Tribanco entra financiando

essa expansão. Também entramos

com o cartão de crédito e com a ma-

quininha da Redecard.

Alexandre –

São ferramentas que

tornam a loja de bairro mais parecida

com o grande varejo.

Walter –

Até fóruns de discussão

com os lojistas, onde se debate tudo

isso, nós promovemos. Procuramos

descobrir como fazer o melhor pro-

cesso de gestão de uma categoria ou

de uma seção inteira. Posteriormente,

entramos com o acordo de abasteci-

mento dessa categoria. Por exemplo,

desodorantes. Nós vamos repor o de-

sodoranteda sua lojaa cadadoisdias e

vamos fazer omonitoramentoemuni-

dades. Isso é umserviço que nema in-

dústria realiza. É um nível de serviço

e uma parceria, em alguns casos, até

melhor que os das grandes redes, que

não sabemoperar loja de bairro. Todas

elas têm dificuldades em operar lojas

pequenas, exceto o Pão de Açúcar na

Grande São Paulo. No resto do Brasil,

todas elas têmmuita dificuldade.

No fundo, tudo o que fazemos é para

ajudar o varejista a se desenvolver e vender

mais emelhor. Para que ele passe a comprar

mais categorias doMartins