Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  75 / 136 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 75 / 136 Next Page
Page Background

janeiro/fevereirode2014|

RevistadaESPM

75

Gracioso

— Como a questão da susten-

tabilidade no mundo dos negócios está

inserida nos valores éticos, morais e

sociais do Brasil?

Samek

— Hoje, o tema da susten-

tabilidade permeia a agenda da

sociedade civil, dos governos, das

organizações internacionais e do

mundo corporativo. Ocupa, por-

tanto, o centro dos debates sobre

desenvolvimento, respondendo,

em grande medida, às preocupa-

ções suscitadas pelos fenômenos

desafiantes do aquecimento global

e das mudanças climáticas. A co-

munidade científica internacional

chegou a um consenso no que tange

ao reconhecimento de que essas

alterações que colocam em risco a

sustentabilidade da vida em nosso

planeta é consequência direta da

ação humana. Como frear e reverter

esse processo permanecem uma

questão em aberto. O que sabemos

é que precisamos fazer algo e, não

agir, não é uma opção viável. Como

ocorre com todo termo que passa a

ser usado sem parcimônia, susten-

tabilidade virou uma palavra oca,

servida ao gosto do freguês. Na Itai-

pu, temos buscado ressignificar essa

palavra por meio de práticas diárias

baseadas em princípios e valores.

Concretamente, a nossa política de

sustentabilidade está apoiada em

quatro eixos: a busca da excelência

operativa; a produção de energia re-

novável e limpa; o desenvolvimento

de nossa comunidade; e a prática da

sustentabilidade, como princípio e

valor, de dentro para fora. O que pre-

conizamos, em última instância, é

uma mudança de mentalidade, que

se reflita tanto na atuação dentro

da empresa quanto na comunidade,

como cidadãos ativos e engajados.

Para nós, da Itaipu, sustentabi-

lidade não é uma ferramenta de

marketing. É um novo paradigma

ainda em construção, que exige um

reaprendizado dos indivíduos e das

instituições.

Gracioso

— Desde 2001, quando tive-

mos racionamento de energia no Brasil,

o consumo consciente e a redução do

desperdício de eletricidade estão na

agenda nacional. Reduzir o consumo

energético também é prioridade em

inúmeras indústrias. Ao mesmo tempo,

nosso consumo per capita de energia é

baixo pelos padrões internacionais e mi-

lhões de brasileiros não estão ligados no

grid nacional, ou até estão, mas muito

precariamente. O desafio do país é au-

mentar ou diminuir o consumo?

Samek

— A questão energética está

no centro do debate sobre desen-

volvimento sustentável, e o Brasil

é um dos protagonistas, o que fi-

cou sobejamente demonstrado na

Rio+20. Temos de aprender com os

erros cometidos pelos países desen-

volvidos e não repeti-los. É verdade

que o consumo per capita de energia

elétrica no Brasil é baixo, sobretudo

quando comparado com os indica-

dores dos países desenvolvidos. Mas

o consumo residencial vem aumen-

tando, refletindo o aumento de renda

das famílias brasileiras. O Programa

Luz para Todos, que acaba de com-

pletar dez anos, alcançou resultados

expressivos, viabilizando mais de

3,75 milhões de ligações de energia

elétrica e beneficiando diretamente

15 milhões de brasileiros. Ainda não

alcançamos a universalização do

acesso, mas estamos bem perto des-

sa meta. Para garantir o crescimento

sustentável nas próximas décadas,

o Brasil deverá continuar amplian-

do a sua capacidade de geração de

energia elétrica. O Plano Nacional

de Energia 2030 projeta a demanda e

oferta de energia pelos próximos 25

anos. Se quisermos crescimento, o

consumo agregado, tanto residencial

quanto industrial, terá de crescer.

O Brasil precisa realizar pesados

investimentos em geração e trans-

missão — e vem fazendo. Reduzir o

desperdício e promover a eficiência

energética não são medidas antagô-

nicas. Ao contrário, são essenciais

para garantir a soberania energética

do país nas próximas décadas.

Gracioso

— Por ser um empreendimento

binacional, Itaipu demanda um alinha-

mento entre os governos do Brasil e do

Paraguai. Há pouco mais de um ano,

tivemos um risco de desalinhamento,

quando o então presidente paraguaio,

Federico Franco, afirmou que não pre-

tendia mais fornecer energia barata ao

Brasil nem à Argentina, de quem o Para-

guai é sócio na usina de Yacyretá. Como

andamas relações Brasil-Paraguai?

Se quisermos crescimento, o consumo agregado,

tanto residencial quanto industrial, terá de crescer.

OBrasil precisa realizar pesados investimentos em

geração e transmissão – e vem fazendo