sustentabilidade
Revista da ESPM
| janeiro/fevereirode 2014
80
eleitorais (os 1%), não representam mais os interesses
coletivos e da maioria das pessoas (os 99%), e aplicam
políticas que aceleram a desigualdade e a destruição do
planeta, alémde alimentaremos conflitos.
Os organismos internacionais são vistos e sentidos
pela sociedade como organizações pouco democráticas
que estão a serviço dos interesses de poucas e podero-
sas nações e damanutenção e aprofundamento do atual
modelo danoso de desenvolvimento.
Pela primeira vez na história da humanidade, existe
uma ameaça concreta à continuidade de nossa espécie.
Essa ameaça só pode ser contornada pelo entendimento
da gravidade da situação e pela convergência em torno
de novos princípios, valores e prioridades que possam
conseguir a aglutinação de forças políticas e sociais sufi-
cientemente amplas e fortes, capazes de evitar a degra-
dação do planeta e da vida humana. Essa aglutinação
deveria se formar em torno de um pacto, umnovo Con-
trato Social para estabelecer novos compromissos éti-
cos entre os cidadãos do mundo, novas formas de lidar
comconflitos e choques de interesses, uma nova relação
entre governos e sociedade, entre governos nacionais e
umnovo pacto “intergeracional”.
Para se materializar, umnovo Contrato Social deve-
ria comprometer toda a sociedade, pessoas e organiza-
ções públicas e privadas com uma agenda pautada em
cinco pontos essenciais.
O primeiro deles é promover e perseguir a constru-
ção de uma sociedade mais igualitária, definindo fai-
xasmínimas de renda e patrimônio (que ofereçamuma
qualidade de vida digna a todos), e máximas bastante
próximas. Para dar uma ideia do potencial de uma dis-
tribuição de riqueza justa, a Organização das Nações
Unidas (ONU) acaba de sugerir a criação de uma taxa
anual de apenas 1% sobre as fortunas individuais deUS$
1 bilhão ou mais. Essa pequena taxa que não mudaria
em nada o nível de vida dos bilionários, representa-
ria uma ajuda importante para os países mais pobres,
estimada entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões por
ano! Ao terminar seu livro, Rousseau faz a seguinte
observação: “O pacto fundamental, em vez de destruir
a igualdade natural, substitui, ao contrário, por uma
igualdade moral e legítima a desigualdade física que a
natureza pode pôr entre os homens, fazendo com que
estes, conquanto possam ser desiguais em força ou em
talento, se tornem iguais por convenção e por direito”.
Aliás, foi o compromisso com uma maior igualdade
entre os cidadãos que levou os países escandinavos da
condição de nações mais miseráveis da Europa para os
primeiros lugares em qualquer classificação mundial
sobre qualidade de vida.
”Destruímoscentenasdemilharesdeespécies
deplantaseanimais.Cercade50milespécies
desaparecemtodososanose,emsuamaiorparte,
emdecorrênciadeatividadeshumanas”
”Produzimos uma sociedade planetária
escandalosamente e crescentemente desigual:
em termos de renda, o 1% dosmais ricos da
humanidade recebe omesmo que os 57%mais pobres”
latinstock
latinstock